Para analisar o perfil de risco de infartos da
população do Distrito Federal e Entorno, mais de 800 pacientes do Hospital de
Base de Brasília com infarto agudo do miocárdio são acompanhados, desde 2006,
pela Coorte Brasília, em parceria com o Exame Laboratório e Imagem. A pesquisa
Brazilian Heart Study identificou que 75% das pessoas que sofrem infarto são
homens, 53% são hipertensos, 40% tabagistas, 51% sedentários e 51% têm síndrome
metabólica, uma combinação de obesidade, pressão alta e glicose alta.
“É muito importante termos dados locais. Por isso,
o laboratório apoia este estudo desde o princípio. Realizamos os exames
laboratoriais porque acreditamos que, com esta pesquisa, teremos mais medidas
de prevenção, diagnóstico, tratamento e prognóstico da doença”, ressalta Adília
Segura, diretora-médica do Exame. O cardiologista e participante da Coorte
Brasília, José Carlos Quinaglia, destaca que o apoio do laboratório é
fundamental para realização do estudo. “Sem esta parceria não conseguiríamos
dar continuidade ao projeto, pois os pacientes atendidos pela pesquisa fazem
exames trimestrais e não teríamos recursos financeiros para arcar com estes
custos”, enfatiza.
O coordenador da Coorte Brasília, Dr. Andrei
Sposito, ressalta que os resultados deste estudo, o primeiro da América Latina,
ajudam a definir os pacientes brasileiros com alto risco de infarto e a
aprimorar a terapêutica dos pacientes infartados nos aspectos nutricionais,
psicológicos e médicos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, cerca
de 300 mil pessoas morrem por ano no Brasil, sendo 820 óbitos por dia. Deste
total, 34% das mortes são causadas por doenças cardiovasculares. Ou seja, o
infarto do miocárdio é a doença que mais mata no mundo.
Além disso, a pesquisa identificou que a idade
média dos homens brasilienses infartados é de 60 anos. Já a das mulheres é de
62 anos. “A média estabelecida pela literatura médica é de 69 anos. O sexo
feminino, em Brasília, infarta sete anos mais cedo do que o comum”, comenta
Quinaglia. O médico revela que este índice é causado pela falta de prevenção
primária, ou seja, um tratamento precoce das causas da doença. “A mulher é
subdiagnosticada, porque historicamente ela tinha menos infartos. Por causa
disso, muitos médicos não valorizam as dores torácicas femininas e acabam
associando o sintoma a outros problemas, o que resulta em maiores riscos de
prognóstico”, esclarece o cardiologista.
Os sintomas mais comuns do infarto nos homens são
dor no peito, falta de ar, suor excessivo, dores abdominais e náuseas. Já as
mulheres sentem dores nas costas, no pescoço e no queixo, fadiga, cansaço,
indigestão, queimação e enxaqueca. Para evitar o infarto Quinaglia dá a
receita: não fumar, ter uma alimentação saudável, praticar atividades físicas e
evitar o estresse.