sexta-feira, 4 de abril de 2014

Uma história de resistência

                  
                      
  
 
A ditadura instalada com o golpe militar de 64 trouxe anos difíceis para o país e para  a Universidade de Brasília (UnB). Esta por se encontrar mais próxima do poder, sofreu consequências devastadoras. Estudantes e professores mais jovens foram taxados de subversivos e comunistas.
 
O campus Darcy Ribeiro foi invadido e cercado diversas vezes por policiais militares e do Exército. No dia 18 de outubro de 1965, depois da demissão de 15 docentes acusados de subversão, 209 professores e instrutores assinaram demissão coletiva.
 
Muitas histórias daquela época estão registradas nos livros. Uma delas é a criação da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB) que apresentamos aqui. 
 
1978  NASCE  A ASSOCIAÇÃO

A virtual clandestinidade, até compreensível nos dias tensos de 1977, seria paradoxalmente a marca da criação da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília.

O autoritarismo da administração central da UnB, que tivera seus momentos mais marcantes na crise artificial daquele ano, impedia, já agora no início de 1978, que os professores sequer cogitassem realizar as reuniões que tratavam da criação da ADUnB em suas salas de trabalho, ou em alguma outra dependência do campus.

A desconfiança era generalizada, por medo das delações e consequente repressão que  podiam levar da demissão por algum motivo injustificado até a prisão sob o argumento de a iniciativa ferir os convenientemente elásticos dispositivos da Lei de Segurança Nacional.

Criar a Associação dos Docentes da UnB era desejo nascido da resistência política ao autoritarismo vigente no país tão bem representado na reitoria instalada no campus, mas era também o desejo de uma entidade representativa capaz de se voltar para os problemas inerentes à vida acadêmica, da pesquisa científica às questões trabalhistas, das quais a que revelaria mais premente era a precária situação dos contratados como professores colaboradores e professores visitantes.

O Brasil forjava naqueles tempos uma nova sociedade civil, começando a desenhar relações mais modernas entre o Estado e o cidadão, cujo exemplo mais significativo naquele mesmo ano de 1978 seria  o surgimento na região conhecida como ABC paulista, após um período tenso de greves que não ocorriam no país desde 1068, de um movimento sindical que pregava mais autonomia na relação entre capital e trabalho, com menos intervenção dos órgãos de planejamento e, portanto, menos controle  estatal...

A ASSEMBLEIA FUNDADORA

Na noite  de 24 de maio de 1978, uma quarta-feira, 115 professores firmaram a ata que, um ano e cinco dias após a histórica manifestação estudantil do Dia Nacional de Lutas na praça Edson Luiz, fazia nascer oficial a ADUnB, a Associação dos Docentes da Universidade de Brasília.”

Trecho extraído do livro “ Sonho e realidade- O movimento Docente na Universidade de Brasília – 1977/1985”, publicado pela 8ª Diretoria da ADUnB em 1994.

 

Reconhecimento: Drª. Elenice Maria Ferraz recebe o Título de Professora Emérita pela Universidade de Brasília

 
Em sessão solene realizada no auditório da Reitoria, sexta-feira( 21), o reitor da Universidade de Brasília (UnB), Ivan Marques de Toledo Camargo, dirigiu a cerimônia para outorgar à ginecologista Elenice Maria Ferraz o Título de Professora Emérita da UnB. O privilégio é concedido a docentes aposentados da universidade que alcançaram grande destaque em suas diversas funções exercidas.
Ocuparam a mesa da solenidade o diretor da Faculdade de Medicina (FM), Paulo César de Jesus; o reitor e presidente do Conselho Universitário (Consuni), Ivan Marques de Toledo Camargo; e a homenageada. 
Após a execução do Hino Nacional, o reitor declarou aberta a sessão e concedeu a palavra ao professor da Faculdade de Medicina (FM), amigo da homenageada, Paulo Sérgio França. O professor proferiu um discurso enriquecedor e emocionado, contando momentos da história da professora e todo o processo de aceite da outorga. Em seguida o reitor da universidade fez a entrega do diploma de Título de Professora Emérita, que também contou com momentos musicais escolhidos por Elenice, como forma de homenageá-la e celebrar sua trajetória diante de familiares, amigos e admiradores presentes no evento.
A professora agradeceu a todos, principalmente sua família, amigos e aos estudantes pelo papel  que desempenharam em sua vida. Elenice contou ao público em uma apresentação em slides toda sua trajetória de vida, desde os tempos de colégio até a chegada à Faculdade de Medicina - e demonstrou sua satisfação em ser reconhecida como um exemplo por trabalhar com o que sempre lhe proporcionou prazer. “Receber esse título depois de sete anos de aposentadoria é um reconhecimento muito grande, significa que estamos na memória do departamento, dos colegas e de todos os colegiados. E para chegar até aqui construímos uma vida acadêmica que coroa toda essa situação”, afirmou a professora.
O colega de profissão, Dr. Cláudio Bernardo Pedrosa de Freitas, falou um pouco sobre a homenageada, de toda sua dedicação e lembrou que a homenagem se deu tardia, em função de tudo que Elenice proporcionou à instituição. “Exemplo de professora, teve toda uma vida dedicada à medicina, ao ensino e à pesquisa, uma pessoa que teve percepção sobre a saúde pública, não só na ginecologia. Sempre ocupou no Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Universidade de Brasília uma posição de liderança e referência para todos os residentes que por lá passaram.”
O diretor da Faculdade de Medicina, Paulo César de Jesus, falou da honra, para a instituição, de abrigar professores eméritos em seu quadro. “É sempre uma honra ter mais um professor da Faculdade de Medicina no quadro de professores eméritos da Universidade de Brasília. O que fica muito forte é o exemplo de profissional que a professora Elenice sempre foi e sua batalha contínua com a formação médica e como militante em comunidades tanto brasileira como internacionais”. E lembrou também sua grande participação na maternidade do HUB. “Grande parte do que existe hoje na maternidade do Hospital Universitário é fruto do trabalho dela juntamente com sua equipe e em razão disso a maternidade leva seu nome”, ratificou o diretor.
A professora Elenice Maria Ferraz  se graduou pela Universidade Federal de Minas Gerais (1964), obteve mestrado em saúde pública pela Johns Hopkins University (1972) e doutorado em estudos de população e saúde materno-infantil, também pela Johns Hopkins. Completou residência médica em ginecologia e obstetrícia no University of Mississipi Medical Center.