terça-feira, 3 de julho de 2012

Produtores de leite não têm como escoar seu produto


Abandonados. É assim que se sentem os produtores rurais de leite do Distrito Federal que atendem o Programa Pão e Leite da Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest). A partir de hoje já começam a homologação da demissão de 320 funcionários que trabalham em suas propriedades rurais e em laticínios. Mas a conta das pessoas que ficarão desempregadas é muito maior. Segundo José Barcelar, produtor rural e associado da Associação dos Produtores e Processadores de Leite do Distrito Federal e Entorno (AProLeite), são em torno de duas mil pessoas que trabalham no programa diretamente e elas serão demitidas.

Segundo informações da Sedest, o programa social que distribui pão e leite para a população carente do Distrito Federal está mudando e, agora, os beneficiários receberão, a partir do dia 30 de junho, até R$ 100 para comprar o pão e leite em estabelecimentos de sua escolha, sem ter que enfrentar filas nos pontos de distribuição, os chamados PDs.

Os produtores rurais alegam que o governo passado criou créditos especiais para a compra de matrizes, capineiras, ordenhadeiras mecânicas, entre outros equipamentos, para ampliar a capacidade de produção. Agora, com a impossibilidade de escoar a produção, eles estão endividados. E segundo os produtores, são empréstimos a longo prazo, divididos em até seis anos. “As planilhas de custo foram montadas em cima dos valores que os produtos iriam render”, ressalta Barcelar.

Geraldo Maia, presidente da AproLeite, afirma, ainda, que os prejuízos por falta da comercialização do leite atingirão produtores e trabalhadores, que serão demitidos dos pontos de distribuição, onde é feita a distribuição à população. “Onde vamos distribuir 46 mil litros de leite? Os grandes laticínios que atendem o Distrito Federal não se interessam por pequenas produções”, informa e enfatiza que “todos os reforços foram implementados para que a situação não chegasse a esse ponto, inclusive nos garantiram que, pelo menos, 12 mil litros de leite seriam entregues ao Programa Merenda Brasil e, quando estivemos lá, eles disseram que não tinham condições de ficar com essa quantidade de leite”.
Tão logo tomou conhecimento da possibilidade de suspensão do Programa, o presidente da AproLeite, Geraldo Maia, buscou conversar com o GDF para reportar sobre os impactos negativos na descontinuidade da distribuição do leite.

Neste semestre, a associação foi surpreendida com a publicação da Lei Distrital 4.601/11, que criou o programa “DF sem Miséria” e o fim da distribuição do leite no dia 30 deste mês, por meio da revogação da Lei 4.208/08. Geraldo Maia reclamou que o GDF não procurou nem mesmo a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite e Derivados do DF (CSL/DF), criada pelo próprio governo em 2007, para discutir sobre os problemas que poderiam acarretar com o fim do Programa do Leite. Após várias reuniões nada foi decidido.

“O Pró-Leite contempla 470 produtores de leite, que adquiriram e mantêm em suas propriedades rurais no DF e da Ride (Região Integrada de Desenvolvimento do Entorno) vacas leiteiras, adquiridas com recursos próprios e de financiamentos bancários. Se o programa for extinto, será o fim da cadeia produtiva de leite no DF”, criticou Geraldo.
O leite era distribuído no DF por meio de 153 pontos de distribuição (PDs) e contemplava 50 mil famílias pertencentes às camadas mais pobres da população. Crianças de seis meses a sete anos, idosos, asilos e creches recebem o alimento. O leite também era fornecido aos projetos Picasso Não-Pichava, Bombeiro Mirim e Esporte à Meia Noite.

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