quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Alunos propõem caminhos para acabar com a corrupção

Henrique Felix, Susana Mendonça, Eveline Ribeiro, Luiz Fernando Roriz e Ricardo Durigan acreditam que o problema da corrupção na política brasileira tem conserto. Os cinco foram premiados no I Concurso de Monografias da Associação Transparência Municipal e Associação Brasileira de Municípios com trabalhos sobre transparência na administração pública do país. O resultado do concurso foi divulgado em 7 de dezembro.
Luiz Fernando, 21, e Eveline, 20, ambos estudantes de Ciência Política, defendem a criação de uma instituição responsável pela formação dos novos políticos. “Seria um lugar onde o político formaria sua identidade, como acontece com outras profissões”, explica Luiz. O aluno compara com o que é hoje a formação de um bombeiro. “Quando eles se deparam com um incêndio eles sabem que devem agir, mesmo que isso não se reflita em ganhos diretos, porque é o papel deles”.
A dupla, que conquistou o segundo lugar no Grupo II, analisou como a forma de governo do país se relaciona com a corrupção. No caso, o Brasil pratica um presidencialismo de coalizão, que implica na tentativa de agradar os diversos partidos para conseguir apoio do Congresso Nacional na aprovação de projetos. “Isso acontece, por exemplo, na escolha dos ministros”, destaca Eveline. O problema é que quando os meios lícitos não funcionam os governos tendem a apelar para a corrupção.
ESCÂNDALOS - “Fizemos uma análise histórica dos governos Collor e Lula e percebemos que em ambos os casos os governos estavam com suas coalizões enfraquecidas antes de grandes escândalos de corrupção”, diz Luiz. Assim, outra proposta do trabalho é a criação de um site de acesso público em que fosse possível avaliar a força dessas coalizões.
Para Henrique e Susana, primeiros colocados no concurso, a punição dos governantes envolvidos em casos de corrupção é essencial para combater os desmandos do poder. Eles analisaram 50 municípios que participaram de auditorias da Controladoria Geral da União. Os estudantes constataram que a corrupção só aumentou no período entre duas intervenções do órgão – que promove sorteios periódicos dos municípios brasileiros que serão alvos de auditorias.
O cruzamento de informações dos relatórios do Programa de Fiscalização de Pequenos e Médios Municípios a partir de Sorteios Públicos (PFSP) da CGU com acórdãos do Tribunal de Contas da União mostrou que apenas 12 municípios foram responsabilizados por faltas graves identificadas nos relatórios.
REFLEXÃO – O trabalho de Ricardo Durigan, o terceiro colocado, refletiu sobre o que leva os políticos a cometerem atos de corrupção. “Acredito ela nasce de um estado corrompido da consciência do próprio ser humano”, afirma. “É esse estado que molda os sistemas políticos e econômicos”. Ricardo também acredita em uma instituição que prepare uma nova classe de agentes públicos, mais comprometidos.
Três dos contemplados participam do Grupo de Estudos em Democracia, Ética e Governança Pública, primeiro do país focado principalmente nos estudos de corrupção. “É um grupo que já começa bem porque apresentou resultados concretos”, destaca James Vieira, que também participou do concurso e ficou em terceiro lugar categoria voltada para profissionais e pós-graduandos.
O grupo conta com a participação do professor Ricardo Caldas, do IPOL, há mais de 5 anos a frente da disciplina Teoria e Análise Crítica da Prática da Corrupção. “A experiência com a disciplina estimulou a criação do grupo”, conta Ricardo. Todos os alunos contemplados participaram da disciplina no segundo semestre de 2011. “Durante as aulas incentivei os alunos a participarem do concurso”, recorda Ricardo.

Agência UnB
 

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