terça-feira, 30 de agosto de 2011

Feirantes pedem regulamentação das feiras

Dizem que o Distrito Federal tem vocação para ter muitas feiras e shoppings. Ao todo são 74 feiras e shoppings feiras, mas muitas são bem estabelecidos e têm uma certa infraestrutura, principalmente as feiras mais antigas, como a do Núcleo Bandeirante, da QNL, em Taguatinga, do  Gama, Planaltina, Cruzeiro, Brazlândia, Sobradinho, Guará, porém outras estão em situação de penúria, estão entregue às moscas como informam os feirantes de Riacho Fundo II, Samambaia, Santa Maria. Isso se deve, de acordo com o presidente do Sindicato dos Feirantes ( Sindifeira), Francisco Valdenir Machado, a falta de uma legislação que regulamente as feiras,  em todo o Distrito Federal e da falta de união da categoria. “É preciso melhorar as estruturas das feiras. Temos que reformar os banheiros, alambrados, a limpeza, a vigilância, estacionamentos. Promover melhores condições aos nossos clientes e de trabalho para nós”, alerta Valdenir.
A categoria é composta por 20 mil feirantes, só no DF e tem uma reivindicação para fazer ao Governo, no Dia Nacional do Feirante que é  comemorado em 25 de agosto: ” O órgão que administra as feiras tem que ser dirigido por alguém do segmento e que entenda a realidade que enfrentamos no dia a dia, pede o presidente do Sindifeira.”
Para eles houve comemoração antecipada, no Sesc, da Ceilândia, porque segunda-feira(22), a maioria das feiras está fechada.
Para  Valdenir Machado, do Sindifeira, oitenta por cento dos feirantes estão nas feiras, porque não têm emprego. “Feira, hoje, não dá dinheiro, mal dá para o feirante sobreviver com sua família”, afirma.
Muitas feiras possuem estabelecimentos que comercializam gêneros alimentícios, preservando a cultura alimentar do estado de origem dos moradores da cidade onde estão localizadas, portanto  pratos típicos de diversas regiões são preparados e consumidos, principalmente aos domingos. É fácil saborear buchada, sarapatel, rabada, acarajé, tapioca , pastem, milho, açaí, pato no tucupi, churrasco e cachorro- quente apesar das poucas condições de preparar esses alimentos nas bancas em algumas feiras. “ Só como na feira aqui, pois tomo uma e mata qualquer micróbio”, brinca o administrador de empresas João dos Santos. E continua : “Mas  as feiras poderiam ter melhor estrutura para a manipulação de alimentos. A Vigilância Sanitária deveria fiscalizar e orientar  o pessoal.”
Ir à feira no domingo ou no sábado é diversão garantida para muitos, além da oportunidade de comprar frutas e verduras de bom preço e boa qualidade.  “Aqui na Feira Modelo do Gama  alguém precisa  acabar urgente com essa reforma que se arrasta faz tempo. Nós sabemos onde comprar os melhores produtos e onde tem um preço bom. Acho que os próprios feirante poderiam se unir e arrumar tudo, se o governo deixasse. E depois é só manter. É divertido vir à feira”, avalia  a contadora Maria Kátia Gonçalves.
Inaugurada em junho de 1984, com uma nova estrutura, a Feira Permanente de Ceilândia é referência, possui uma associação (ASFEC) bem organizada, com serviço de som que atende aos 460 boxes e é o ponto de encontro e referência da comunidade local e das demais cidades do DF. É o lugar onde o Nordeste do Brasil se encontra com o Planalto Central.
Outras feiras fazem  história, como a do Guará e Planaltina. Para Antonio Arlindo, feirante de Planaltina, lá o movimento é bom e a feira é organizada: “Há um galpão que é separado para ferramentas, lanchonetes , utensílios, para celulares e nos outros galpões são para roupas e calçados e existe outro que comercializamos frutas. Tudo aqui é organizado.”
Algumas feiras são problemáticas quanto a origem dos produtos que são comercializados. Um exemplo é a Feira do Rolo, em Ceilândia. No local se vende e se troca de tudo. No princípio ela localizava-se em frente ao Quarentão (o atual Restaurante Comunitário da região), depois ficou ao lado da Regional de Ensino de Ceilândia, passou para a parte sul da cidade e hoje se encontra no Setor O. A maioria dos produtos tem origem duvidosa e é possível encontrar diversos tipos de produtos, com ou sem nota fiscal. É bastante movimentada aos domingos.
“Essa feira é o testemunho que a coisa errada prospera. Nenhum Governo conseguiu acabar com ela”, afirma o mecânico Josué Peixoto.  Josué teve um celular roubado e foi à feira em busca de seu aparelho, pois o informaram que é comum venderem objetos roubados.
 Por falta de legislação, todas as feiras apresentam problemas, segundo os feirantes, pois como é uma concessão, há serviços que eles não  podem realizar. As feiras das cidades mais novas não têm cobertura, limpeza, estão localizadas em descampados com muita poeira. É o caso da feira de Arapoanga. Maria Helena, feirante reclama da falta de clientes:”Ninguém vem aqui comprar nada, porque comemos poeira o dia inteiro.  Estou aqui ,porque sou brasileira e não desisto nunca, mas precisamos da ajuda do governo e do administrador, porque estamos há dezessete anos nessa luta e nada acontece.”
 Na Feira dos Importados de Taguatinga os corredores são apertados, faltam banheiros, há pouca iluminação e o telhado é muito baixo. Nesta época o calor é insuportável, afastando os clientes na semana.

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