sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Meibomite se apresenta na seca

Até a gordura da lágrima evapora com a baixa umidade do ar. A consequência é uma inflamação ocular. Mas atenção, só o oftalmologista é capaz de diagnosticar o que é meibomite, terçol, olho seco e calázio e indicar o tratamento correto.
 A inflamação das glândulas de meibomius, localizadas na região palpebral, a meibomite, pode se converter em Síndrome do Olho Seco mais facilmente quando a umidade do ar está baixa. Em Brasília, a previsão do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) é de que ocorra névoa seca e os índices de umidade estejam bem baixos (http://www.inmet.gov.br). Nesses dias, em pelo menos 10 estados, a umidade do ar está abaixo do ideal à saúde .
A especialista do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), oftalmologista Maria Lúcia Rios, explica que a relação baixa umidade e inflamação é consequência da falta da camada gordurosa da lágrima ocasionada pelo meibomite. “Sem a camada de gordura, a lágrima evapora mais facilmente e à época da seca, este processo agrava os sintomas da inflamação, causando a Síndrome do Olho Seco”, explica ao chamar atenção para a avaliação oftalmológica antes de qualquer solução intuitiva ou automedicação.
A meibomite ocorre quando as glândulas de meibomius, responsáveis pela produção da camada gordurosa da lágrima, acumulam essa gordura sem expeli-la e sofrem ação bacteriana. “Além do olho seco, é comum pacientes com meibomite apresentarem calázio, um nódulo localizado na pálpebra, por vezes confundido com o hordéolo (terçol)”, explica a médica. “As causas da meibomite estão diretamente ligadas a fatores genéticos e de idade, pessoas maduras apresentam a meibomite com mais frequência”, completa.
Identificação – Além de vermelhidão ocular, ardência, presença de muco, sensação de olho seco e de areia nos olhos, sintomas típicos de olho seco, a meibomite pode trazer o inchaço do calázio e outras irritações. “As pálpebras superior e inferior ficam cobertas por detritos oleosos (quase espumosos) em torno da base dos cílios que podem levar à perda dos mesmos. Além disso, por ressecar o olho, a meibomite também pode dificultar a adaptação às lentes de contato”, diz a especialista do HOB.
Segundo Maria Lúcia, a meibomite não tem cura, mas o tratamento é simples. “É necessário tratar a causa da meibomite e também amenizar os sintomas do olho seco e do calázio resultantes desta inflamação. Além da prescrição de antibióticos de via oral e tópicos (pomada aplicada no local), é importante realizar a limpeza palpebral com material específico, além de compressas de água morna para aliviar o calázio e lágrimas artificiais para amenizar os sintomas de olho seco”, explica. Este hábito de limpeza palpebral deve acompanhar a vida do paciente. Em casos mais críticos, quando o calázio está inchado, é necessário o procedimento de drenagem cirúrgica.
A especialista do HOB salienta que o não acompanhamento médico pode agravar o quadro de meibomite e trazer sérias consequências. “Sem tratamento, a inflamação faz com que os cílios caiam e nasçam invertidos (triquíase), arranhem a córnea e causem ceratite. Além disso, podem ocorrer calázios de repetição, quando várias glândulas de meibomius inflamam e o olho apresenta diversos nódulos simultaneamente ou diferentes vezes na mesma glândula”, alerta a oftalmologista do HOB.
Orientação – Para evitar o agravamento da meibomite durante a seca, Maria Lúcia salienta que é importante reforçar a higienização das pálpebras e ficar atento à alimentação. “O hábito de limpar as pálpebras pelo menos duas vezes por semana, aplicar lágrimas artificiais para hidratar os olhos e reduzir o consumo de alimentos gordurosos diminui o risco de agravamento da inflamação”, aconselha.

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