quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Segurança, problema de todos?

VOCÊ ESTÁ ENTRANDO NA REGIÃO MAIS VIOLENTA DO PLANETA! ENTORNO DO DF! CUIDADO! - VALPARAÍSO-GO . Dois outdoors foram colocados na entrada de Valparaíso e Águas Lindas por integrantes do Sindicato dos Policiais Civis de Goiás ( Sinpol-Go), que pedem o aumento de  efetivo da categoria na região. E os dois serviram para chamar a atenção de moradores e autoridades para o problema da segurança pública no Distrito Federal e enotrno.
Segundo Silvério Alves, presidente do Sinpol- Go, esta foi a maneira que os policiais civis  encontraram para protestar contra o baixo número de policiais na região do Entorno. “ A categoria quer sensibilizar o governo de Goiás a investir em segurança. Trabalhamos de forma desumana, sem condições de oferecer um bom serviço para a população. Não temos como investigar os crimes. O efetivo  é piada diante da quantidade de moradores da região.  É necessário convocar os concursados”, adverte Silvério.
A categoria ainda alega que 10 mil inquéritos estão parados nas delegacias por falta de pessoal. É o caso do inquérito que apura a morte da jovem Vanessa Ferreira da Cruz, 20. Ela foi assassinada no Jardim Flamboyant, em 13 de setembro de 2002. Quando o corpo foi encontrado, após  Vanessa está desaparecida há 24 horas, todos os procedimentos  realizados estão fora de qualquer protocolo utilizado pelas polícias no Brasil: não colheram impressões digitais, o DNA colhido foi para Goiânia, sendo que naquela época não faziam exame de DNA no Estado de Goiás. Os suspeitos, a família sequer foram ouvidos nas horas próximas ao crime, inclusive quem estava de posse da bicicleta utilizada pela jovem antes de desaparecer. Até hoje a sogra de Vanessa peregrina pela delegacia do Jardim Ingá em busca de informação, pois no inquérito já trabalharam mais de dez delegados.
As estatísticas são tão alarmantes, que entre sexta-feira (12/08) e domingo(14/08) foram registrados 8 assassinatos e 6 tentativas na região, de acordo com dados da Polícia Civil do entorno.
Em alguns lugares, para passar em determinadas horas é preciso pedir autorização para os traficantes, dizem os moradores  do Céu Azul e Águas Lindas.
O Entorno do DF concentra alguns dos municípios com os maiores índices de assassinatos do país, alguns com taxas de 75 casos para cada grupo de 100 mil habitantes – a média nacional é de 24 para 100 mil. Isso sem falar de outros crimes como furto, roubo ,assaltos e outros.
Medida Paliativa

Para tentar conter a violência no Entorno, o governado de Goiás recebeu do Ministério da Justiça o envio de homens da Força Nacional às cidades mais violentas da região.  A corporação começou a atuar no entorno do DF no dia 22 de abril.
“Como o Distrito Federal possui uma polícia mais bem aparelhada, muitos dos criminosos se instalam nas cidades próximas para distribuir drogas , aliciando  os moradores até do Distrito Federal ou cometendo crimes aqui e fugindo  para lá, mas o entorno precisa de ações mais precisas, não só repressivas”, relata o morador do Gama, Alcides Peçanha.
 Audiência Pública

Por iniciativa do deputado distrital Wasny de Roure(PT- DF), a Câmara Legislativa do DF realizou, na sexta-feira (12), audiência pública para debater a segurança pública no Distrito Federal e Entorno. “A segurança pública não pode ser tratada apenas sob a ótica da vigilância e repressão, mas como um sistema integrado e compartilhado, envolvendo inteligência, instrumentos de prevenção, justiça, e a garantia de direitos sociais como saúde e educação”, defende o deputado Wasny.

O deputado lembra que a segurança pública está entre as prioridades do governo Agnelo, que tem propostas para a articulação e harmonização dos setores da segurança pública do DF e Entorno.

O evento foi bastante concorrido e os participantes articularam discursos e saídas parecidos, mas por enquanto tudo fica no papel.
Participaram da audiência representantes do Governo Federal, do Executivo local, do Estado de Goiás , além de autoridades das cidades do Entorno e lideranças comunitárias.
Para o sociólogo, professor da UnB, Antonio Testa, o diagnóstico dos problemas está perfeito, mas tem que ter políticas públicas. “Na verdade os governos descobriram o entorno. Qualquer saída só funcionará se houver continuidade a médio prazo. Não adianta mapear, tem que conseguir implementar ações e o problema não é do Goiás, do DF, é do Brasil”, salienta Testa.
Wellington Araújo, professor, presidente da Ong Crescer  descreve o cenário da situação, em Valparaíso: “O jovem de lá , como  das periferias, no Brasil, estão sem norte, não se consegue aprovar projetos que serão desenvolvidos na região. O Policial civil é o servidor mais bem remunerado do Goiás, porém já apresenta  uma distorção se compararmos o salário com o DF, mas não tem uma polícia científica, investigativa. Os professores ganham mal, alguns preferem não trabalhar.  É preciso medidas urgentes para evitar que o crime aumente.”
O representante do governo do Goiás, coronel Edson Costa Araújo, criticou a atual crise comentando que o problema do Entorno foi agravado por um jogo de empurra-empurra ao longo dos anos.  Disse que o governo goiano está fazendo levantamento sobre a carência do efetivo policial e a criação de uma delegacia de Homicídios.
O secretário do Entorno do Distrito Federal, Renato Andrade, anunciou que o atual governo está elaborando políticas públicas integradas que serão divulgadas em breve, por meio de um planejamento estratégico, no sentido de enfrentar o problema da falta de segurança com medidas definitivas , em conjunto com o Governo Federal

 Suamyr Santos Silva, secretário adjunto de Segurança Pública do DF, afirmou que é preciso a construção da cidadania  para que a região do Entorno diminua seus índices de violência. "A questão não é só problema de polícia. Por isso, o debate tem que abranger todas as áreas do governo", ressaltou. Anunciou que o GDF tem como foco a adoção de um policiamento inteligente para aquela área.

 Para o representante do Ministério da Justiça, coronel Agnaldo Augusto da Cruz, o Governo Federal está preocupado com o problema e está planejando ações integradas com os estados envolvidos. Entre as propostas, defendeu a adoção de programas de desarmamento.
Alberto Arapiraca, presidente do diretório municipal do Partido dos Trabalhadores, do Novo Gama, chama a atenção que há dinheiro para combater o crack, porém não se vê nenhuma pessoa sendo tratada para deixar o vício, na cidade.
Na oportunidade, estudantes que moram no Gama, participaram da audiência pública, exibindo cartazes de protesto. “A violência atinge a todos, e os criminosos correm para onde a segurança é mais vulnerável”, acrescenta  Fátima dos Santos , estudante.
Moradores do Entorno que compareceram à audiência, todos foram unânimes em criticar o descaso das autoridades com os problemas do entorno.
Alguns moradores do Distrito Federal concordam que os criminosos usam o entorno para se esconder, após cometerem crimes aqui.
Gervásio de Souza, professor, considera que todas as autoridades têm uma radiografia do problema, o que faltam são ações concretas. “ O povo tem que ter educação de qualidade, emprego, até  autoestima. Quem não se respeita, não respeita os outros.E acredito que dinheiro tem para realizar essas políticas, e só precisa estancar a saída do dinheiro para outras atividades não muito lícitas, como as que vemos  denunciadas pela imprensa”, conclui o professor.







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