sábado, 7 de janeiro de 2012

Projeto de inclusão

Caminhar sem bater a cabeça nos orelhões, andar sem tropeçar nos buracos das calçadas, sem atingir carros estacionados na passagem de pedestre e pegar um ônibus sem precisar dar o braço a alguém é conquistar qualidade de vida para muita gente. Por isso, o cão-guia oferece uma autonomia e eleva a autoestima do deficiente visual. Ter um cão-guia é como ganhar novos olhos, braços e pés para dar apoio, para enfrentar os obstáculos físicos e emocionais. Apesar de todas essas transformações, conseguir um cão e treiná-lo é ainda tarefa muito difícil no Brasil. Estima-se que existam cerca de 10 mil pessoas nas filas de organizações não governamentais e centros de treinamentos a espera de um cão.

Para a maioria dos donos de cachorros, os animais são apenas para diversão ao chegarem em casa e nunca imaginam trabalhar com um cão. Mas alguns cães felizmente realizam trabalhos muito exigentes a maior parte de suas vidas, fazendo um trabalho duro, que para eles é uma eterna diversão. Eles todos os dias ajudam seus donos a chegar a vários lugares da maneira mais segura.

Com o objetivo de beneficiar o maior número possível de deficientes visuais, facilitando a sua locomoção e estimulando a sua independência, o Projeto Cão-guia para Cegos do Distrito Federal é uma oportunidade de inclusão. Ação está vinculada a Associação Brasiliense de Ações Humanitárias (ABA), que treina cães-guias em um centro de treinamento localizado na academia do Corpo de Bombeiros/DF.

O projeto é pioneiro no país e tem por finalidade proporcionar uma melhoria na qualidade de vida, não só propiciar a facilitação da mobilidade, mas também a segurança do deficiente visual, permitindo o acesso ao estudo e qualificação profissional para o mercado de trabalho.

Os cães geralmente são entregues aos cegos que têm uma vida ativa, como uma forma de socialização, pois são deficientes que trabalham, estudam e exercem atividades do cotidiano. Neste mês, o projeto entregou mais três cães a três deficientes visuais, que passaram por treinamento durante quase 20 dias.
Assim, como Flávio Luis deficiente visual, que mora no Gama e faz faculdade de Recursos Humanos a espera por um cão do projeto tornou-se uma realidade. Inscreveu-se no projeto em 2004, desde então, aguarda por um parceiro. Segundo ele, é fundamental o cão-guia na sua vida, pois vai lhe proporcionar mais segurança, além de ser um grande companheiro. “O cão-guia vai me ajudar muito. A bengala ajuda muito na rua, mas me sinto inseguro. Quando comecei o treinamento de adaptação com o animal e comecei a passear na W 3, me senti mais seguro e confiante. Por isso, acredito que daqui para frente o Platão (cão-guia) será meu parceiro de trabalho e amigo. Sem falar que ele é muito dócil. O legal é que quando ele está com a coleira é sempre correto, mas quando tira a guia parece um menino”, revela.
A família que cuidou de Platão nos primeiros meses de vida ressalta que o Cão era muito arteiro, porém muito companheiro e dócil. “Nossa, foi um prazer cuidar do Platão. Ele sempre fez muita bagunça, comia as coisas, mas foi um companheiro para as minhas filhas. Depois de um ano, em treinamento aqui no Corpo de Bombeiros vejo outro cão, brincalhão como sempre, mas na hora de trabalhar ele nem olha para o lado segue seu compromisso e lealdade”. “Fico muito feliz pelo Flávio, pois acredito que terá ao seu lado um verdadeiro parceiro para a vida”, relata Denise.  
Os demais beneficiados foram Bruno Guimarães, de Volta Redonda - RJ, que é Orientador Educador para deficiente visual; e Wagner Willian, de Unai - MG, funcionário público do INSS.

A coordenadora do Projeto Cão-Guia para Cegos, da ABA, Lucia Costa trabalha na associação desde o início e também recebe em sua casa cães do projeto, pois seu amor pelos animais e em porporcionar uma inclusão é primordial. “Desde de pequena sempre quis ajudar de alguma forma as pessoas que não enxergam. Então, quando surgiu a oportunidade do projeto agarrei. Todos os dias aprendo muito mais do que ensino”.

Adaptações do animal

A instituição tem cerca de 300 deficientes inscritos no programa e muitas vezes eles aguardam em média quatro anos para receber um cão-guia. A escola de treinamento tem capacidade para entregar até 25 cães por ano, de acordo com a limitação do animal.
Depois de selecionado, aos quatro meses, o cão inicia a fase de socialização junto a uma família escolhida pelo projeto, que se estende até, aproximadamente, o animal completar um ano de idade. Durante este processo o cão aprende a conviver em ambiente social, urinar e defecar apenas em locais apropriados e alguns comandos básicos para o convívio. Neste tempo, as famílias recebem auxílio para todas as despesas referentes aos cuidados com os animais.
Terminada a primeira fase, inicia-se o treinamento específico, com duração aproximada de um ano, podendo se estender caso necessário. Nos primeiros seis meses, o cão aprende a desviar de obstáculos, perceber o movimento do trânsito, identificar objetos, encontrar a entrada e saída de diferentes locais, entre diversas outras atividades. No último mês é realizado o treinamento para transformar a dupla composta pelo cão-guia e seu usuário em um time que interagirá com a mais perfeita harmonia.
Depois de treinados, os cães-guias identificam o movimento do trânsito, desviam de buracos, encontram as entradas e saídas de diferentes locais, localizam banheiros, escadas, elevadores, escadas rolantes, cadeiras, desviam de obstáculos altos, evitando que pessoas com deficiência visual batam com a cabeça, entre outros obstáculos.
Faça parte

No Brasil, o treinamento demora em média dois anos e custa o equivalente a R$ 25 mil a R$ 30 mill. O projeto precisa de colaboradores. A instituição está procurando empresas que possam adotar um cão. Neste caso, a empresa poderá colaborar com um custo mensal na forma de parcelas para custear o treinamento e as demais despesas do animal.  

Para fazer parte, é só entrar em contato pelo e-mail: caoguiadf@gmail.com ou no telefone: 9309-0100.

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