Pacientes continuam esperando horas para fazer exames simples, como de sangue, urina nos hospitais de Santa Maria, Taguatinga, Ceilândia e em postos de saúd
Em qualquer consulta é esperado que o médico faça a anamnese e o exame clínico. São essas informações que levam o médico a elaborar o diagnóstico que, caso necessário, será confirmado por exames laboratoriais, de imagem e outros. Por isso esses exames são chamados de complementares. Mas os pacientes da rede pública de saúde, no Distrito Federal vivem uma via-crúcis para fazer esses exames e ainda conseguir os resultados antes das consultas de retorno.
Um outro problema enfrentado pelos pacientes é que as consultas são rápidas e nem médico, nem pacientes têm tempo de conversar. Ser atendido de maneira correta, com tempo, tanto no ambulatório e emergências se tornou uma reclamação constante de ambos os lados.
Maria Amélia de Sousa, diarista, reclama que na emergência no Hospital do Guará mal teve tempo de dizer o que sentia.” Estava gripada e o médico nem me examinou e foi logo passando uma injeção para eu tomar. Entendo que o médico estava preocupado com o número de pessoas para atender, mas se ele fizesse um diagnóstico errado?”, questiona Maria.
Em toda rede há uma dificuldade em marcar qualquer tipo de exames. Alguns, demoram até seis meses. É o caso da professora Maria do Socorro Rodrigues, moradora de Taguatinga, que esperou desde de janeiro por um exame de densiometria óssea e outro do coração, ECC por Holter. Somente no final do mês de maio é que foi chamada. “ Como demorou muito e precisava ir ao retorno da consulta em abril, fiz os exames em uma clínica particular. O meu tratamento seria prejudicado segundo meu médico, se não fizesse logo meus exames. Era urgente começar a tomar os remédios”, conclui.
Iracema Santila da Silva, doméstica, era uma das mais de 60 pessoas que estavam esperando desde as sete horas da manhã para ser atendida no laboratório do Hospital de Santa Maria, na quinta-feira da semana passada. Ela chorava, pois era 10h30 e estava em jejum. Afirmava que era diabética, que saiu 5h30 de casa e estava passando mal por causa da falta de alimentação. ” Já reclamei na Ouvidoria do hospital que o critério de atendimento preferencial não está sendo respeitado. Tem mulheres grávidas, velhos esperando até agora, desde de manhã. E o resultado demora que só. Vou consultar novamente e não terei os resultados, pois não tenho a certeza de fazer o exame hoje. Vou desisti”, enfatizou.
Dona Iracema não conseguiu fazer a reclamação na Ouvidoria do Hospital de Santa Maria, porque o sistema estava fora do ar. O laboratório do hospital é terceirizado pela empresa Biofast. Outros pacientes que esperavam para fazer seus exames estavam revoltados: “ O governador prometeu que iria melhorar a saúde e não tem feito nada”, maldizia Jaci de Souza, vendedora e grávida de seis meses.. “Eles têm que melhorar o atendimento, têm que contratar médicos, enfermeiros, urgente. Essa situação não pode continuar. Para consultar demora muito, imagine fazer exames e retornar ao médico”, fazia coro às reclamações, a vendedora Francisca Guimarães.
Para o presidente do Sindicato dos Médicos, Marcos Gutemberg, a relação paciente médico fica comprometida devido à grande quantidade de pacientes que os médicos atendem por dia. “O médico ao examinar um paciente tem uma hipótese de diagnóstico, por isso é necessário complementar com exames para se ter um diagnóstico mais completo. Estamos aguardando as ações do governo para melhorar esse atendimento e não colocar em risco o nosso trabalho e nem a saúde dos pacientes”.
Esta semana algumas categorias da saúde começaram a denunciar a falta de condição de trabalho e para reivindicar a convocação de funcionários concursados, um grupo se reuniu na segunda, em frente ao Palácio do Buriti com faixas. Marlene dos Santos disse que o Governo tem que chamar os concursados como técnicos e auxiliares de saúde, pois o contingente desses funcionários está defasado. “ Os pacientes não podem continuar reclamando a falta de gente para trabalhar nos hospitais, tendo concursados esperando ser chamados”, reforça.
Segundo a assessoria de imprensa de Secretaria de Saúde a demora na realização de exames na rede pública é justificada pela crescente demanda de pacientes. Na rede pública de saúde são realizados exames radiológicos, de patologia clínica, anatomo patológicos, hematológicos, hemoterápicos, imunobiológicos, exames especiais de diagnose, radiodiagnóstico, ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética. No ano passado foram feitos 12.469.313 exames. Ainda segundo a assessoria, entre os equipamentos para exames estão dez tomógrafos nos Hospitais de Base, da Asa Norte, Taguatinga, Paranoá, Sobradinho, Gama, Samambaia, Santa Maria e da Asa Sul, além de mamógrafos, densitômetros e equipamentos de radiologia. O laboratório do Hospital de Santa Maria é terceirizado porque foi mantido o contrato com a empresa que atendia o Hospital durante a gestão da Real Sociedade Espanhola. O contrato foi mantido por ordem judicial, para que não houvesse interrupção nos serviços nem prejuízo ao paciente, até que seja feita licitação pela Secretaria de Saúde, já em andamento.
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