sexta-feira, 17 de junho de 2011

Pesquisadores usam corrente elétrica para diminuir desejo de fumar


Pesquisadores da Universidade de Brasília estão testando uma nova técnica para diminuir o desejo pelo tabaco em pacientes fumantes: a estimulação transcraniana com corrente direta (ETCD). “O tabaco é uma substância química, e sua falta gera o desejo, como ocorre com todas as outras drogas", diz o professor Raphael Boechat, da Faculdade de Medicina. "A técnica tenta modular a parte do cérebro que sente falta dessa substância, para diminuir a vontade e o desejo que o tabagista tem de fumar”. O objetivo é fazer testes com 60 pacientes e observar os resultados.
A ETCD é uma técnica não-invasiva, aplicada sem anestesia. A parte do cérebro a ser estimulada recebe uma corrente elétrica baixa, que atravessa a pele e os ossos, gerando uma corrente que passa pelo crânio por 20 minutos. Como todo o funcionamento do cérebro ocorre por meio de correntes elétricas, a geração dessa nova corrente altera o funcionamento da região do córtex pré-frontal, modulando um grupo específico de neurônios que estão relacionados diretamente ao desejo de fumar para que o paciente não sinta o desejo pelo tabaco. Ao contrário do que parece, a estimulação magnética não provoca choques.
“Quando falamos em corrente elétrica, os pacientes já ficam assustados, mas a carga elétrica é muito baixa e não é possível sentir nada”, afirma Raphael, fazendo questão de ressaltar que a técnica é indolor. As pesquisas com ETCD foram aprovadas pelo Comitê de Ética da UnB no ano passado e são realizadas no Hospital Universitário (HUB). Até agora, dois pacientes já receberam o tratamento. “Um deles disse que teve uma grande melhora, já o outro não notou diferença”.
Esse tipo de pesquisa já vem sendo conduzido nos Estados Unidos há alguns anos. A pesquisadora Maria Celia Brangioni, do Ambulatório de Psiquiatria da HUB, conta que estudos norte-americanos apontam um certo tipo de neurônico como responsável pelo desejo de fumar. "Nosso objetivo é confirmar esses estudos, para que então a ETCD seja uma nova modalidade para interromper o vício”.
A ETCD funciona de forma diferente dos outros métodos mais populares, como os adesivos de nicotina. Nos adesivos, o tabagista tem a impressão de já ter ingerido a substância. Já na estimulação transcraniana o desejo e a necessidade de ingerir a substância diminuem.
Quem tiver interesse em fazer o tratamento pode entrar em contato com o Laboratório de Psiquiatria da UnB, de segunda a sexta de 8h às 12h, e das 14h às 17h pelo telefone 3107-1978 ou pelo e-mail secretariapsiq@unb.br. São cinco sessões diárias, de segunda a sexta. Veja abaixo os critérios de seleção para os pacientes:
      01.  Fumantes, de pelo menos 10 cigarros por dia, há no mínimo um ano;
02. Não estejam, no momento, em tratamento para o tabagismo (medicamentoso ou não). Pacientes que já fizeram tratamentos prévios estão aptos a fazer o teste;
03. Idade entre 18 e 65 anos;
04. Não poderá ser analfabeto;
05. Não poderá ser incapaz de entender substancialmente o projeto ao qual está se submetendo;
06. Não poderá estar grávida;
07. Não poderá ser portador de comorbidade importante que possa interferir no seguimento do projeto.
Fonte: Agência UnB

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