Sejam sozinhas, por
conta própria, ou agenciadas por cafetões e cafetinas, seja o nome que for, mulheres
de todas as idades estão pelas ruas do Distrito Federal em qualquer horário, à disposição de
abordagem para programas em diversos
lugares do Distrito Federal.
Pela lei brasileira, a
prostituição não é crime. Toda pessoa é dona de seu corpo e pode usá-lo como
quiser. Mas tirar proveito da prostituição, seja de que forma for, é crime.
Assim, manter casas de prostituição, viver às custas de prostitutas ou mesmo
induzir alguém a esse tipo de trabalho, por exemplo, são considerados crimes.
As penas podem ir de um a oito anos de reclusão.
Um dos lugares mais
usadas por elas, em Taguatinga, é a Praça do Relógio. Durante o dia são
discretas e quem usa seus serviços também, mas é comum confundir outras mulheres que passam pela
Praça como garotas de programa.
O problema não é
somente a prostituição, muitas delas vendem drogas, compram.
Anete Borges, 32, tem
que passar pela praça todos os dias e várias vezes foi confundida. “Não tenho
nada contra elas, porém acho que o lugar é inadequado, muitas mulheres são
confundidas e é chato. Já ouvi várias pessoas reclamando também. A praça é para
as famílias, crianças brincarem. Agora que tem música poderia ser mais aproveitada pela
população. Mas a presença delas inibem as pessoas que querem curtir o espaço”,
explica Anete.
Para Alonso Medeiros,
48, que mora na C 03, esse tipo de serviço não poderia ser realizado na praça,
mas a prostituição não é crime e a Constituição garante o ir e vir das pessoas,
por isso é difícil coibir esta situação.” Levo normalmente minhas crianças para
andar de bicicleta, aos sábados. Agora com o posto policial funcionando dentro
da praça esperamos que os policiais afastem as prostitutas, os traficantes e também,
os usuários”, aponta Alonso.
Agora com a
revitalização da praça, muitas delas migraram para a C7, C09, C10, C12. Outro
local que atrai a prostituição em Taguatinga é o Pistão Norte. É normal
encontrar mulheres jovens em poses sensuais em qualquer horário, principalmente
durante o dia. Algumas se aborrecem com a presença de pessoas que usam os
ônibus.
Marina de Alencar,
professora, afirma que já ouviu comentários de duas. Os homens soltam piadas. “Quero
crer que quem está incomodado é que se mude. Os homens soltam piadas chulas,
desagradáveis, por isso não deixo minha filha ir sozinha esperar o ônibus por
causa dessas mulheres”, reclama Marina.
Pedro Pereira,
estudante, não deixa irmãs irem para a parada, à tarde sozinhas. “Vários homens
param seus carros e perguntam quanto é o programa para as mocinhas. É um total
desrespeito. Esperamos uma ação do governo para esse tipo de incômodo”, pede
Pedro.
Para o administrador
de Taguatinga, Carlos Jales, a presença das mulheres de programa diminuiu
bastante na Praça do Relógio, por causa da revitalização do local e a
inauguração do posto policial. “Muitas foram para a parte das Cs 07, 09, 12,
mas em conjunto com a 12ª DP temos o
monitoramento da ação delas.
Estamos revitalizando
as paradas do Pistão Norte com melhor iluminação para coibir a ação da
prostituição, à noite.
Nos Eixões Sul e Norte / Asa Norte
Durante todo o dia é
fácil perceber a presença de mulheres jovens e de toda a idade a espera de
clientes nos eixões Sul e Norte. E é fácil ver carros parando e pegando essas
mulheres. São oferecidos todo tipo de programa e de todos os preços.
Alexis de Sousa, administrador,
afirma que é perigoso esse tipo de programa ao longo do Eixão. “ O carro para,
combina e sai, são vários, isso pode ocasionar acidentes. O Detran poderia
fiscalizar”, adverte Sousa.
Socorro Emiliano,
aposentada, acha que os valores morais estão em decadência. “As pessoas fazem o
que querem, quando querem e onde querem. É preciso o Estado fiscalizar melhor e
cobrar das pessoas o respeito às normas. Quem garante que não tenha menor de
idade no meio delas, drogas”, salienta, Socorro.
Um grande número de casos de prostituição está localizado
na Asa Norte, nas entrequadras que vão da 310 à 316 Norte. Isso tudo a céu aberto
e para quem quiser ver. E não é só prostituição, vendem drogas de vários tipos e muitos usam ali
mesmo. Famílias testemunham esses fatos, mas até agora nenhuma secretaria do
governo conseguiu fazer uma ação para diminuir o acesso dessas pessoas às respectivas
quadras.Quando a noite cai, as garotas de programa ficam à beira das ruas, nas paradas aguardando as abordagens. Às vezes fazem seus programas dentro das quadras. É um problema antigo e as famílias estão cansadas de pedir providências.
José de Araújo, contador explica que esse problema vem deste longe. “ Ninguém conseguiu coibir o avanço da droga e da prostituição nessas quadras finais da Asa Norte. Muita gente já se mudou, mas o problema é o mesmo, agora agravado pelo crack e a polícia só olha”, ressalta.
Margarete Silva, musicista, mora nas quadras finais e afirma que cada dia o problema está pior. “ Agora são assaltos e temos medo de sair à noite. Já fizemos reclamações variadas e nunca tivemos respaldo de nenhuma autoridade nesses anos anteriores contra a droga e prostituição nessas quadras. Ainda tem um outro problema, os moradores de rua”, aponta.
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