quarta-feira, 30 de maio de 2012

“Só Deus e o motorista no trânsito”




Os exames que aprovam para a habilitação para carteira A, de moto,não garantem que o novo motociclista saiba conduzir o veículo nas ruas. A preparação deixa a desejar afirmam alguns candidatos.Mal possibilita para passar pelas exigências do Detran no dia da prova prática. “Os que passam não estão preparados para enfrentar o trânsito, principalmente os que tiram a primeira habilitação, pois nas aulas não aprendem a passar as marchas, usar os equipamentos como pisca alerta e outros”, adverte André Rogério, 19 anos que conseguiu aprovação na prova no início de março, mas que não se sente seguro em andar no trânsito.


Também esta é a reclamação de Alexandre Rodrigues, chefe de cozinha, que fez prova em abril . Ele se diz chocado com o que viu durante as aulas e no dia da prova. “Nas aulas, se aprende pouca coisas sobre como pilotar uma moto. A instrução se destina apenas a passar no teste exigido pelo Detran DF, ou seja, estou fazendo aulas há vários dias e não sei como trocar uma marcha, como ligar os faróis ou o pisca alerta. Esta situação se constitui num escândalo público, pois, apesar de passar no teste de direção, a maioria dos alunos terá que, após 15 aulas, aprender a pilotar motocicleta. Enquanto isso, as estatísticas brasilienses e brasileiras de acidentes com veículos de duas rodas só aumentam”, alerta Alexandre que foi reprovado no exame. Ele pretende pegar aulas para tentar fazer outro exame, primeiro com um instrutor particular e só depois continuará com as aulas na autoescola e após está muito bem seguro, tentará novo exame. Alexandre critica também as condições do local das aulas e do exame.

O interessado em tirar habilitação para dirigir motos tem que ir a um centro de formação e fazer inscrições para fazer as aulas teóricas e práticas.

Segundo o presidente do Sindicato dos Proprietários de Auto Escolas, João Loyola, ele já se reunião com o Detran DF e questionou junto ao órgão que o percurso usado para a aula prática não é o suficiente para avaliar o aluno. “ Os alunos não são instruídos o suficiente para pilotar a motocicleta em pleno trânsito. Talvez seja o motivo para alto índice de acidentes e mortalidade. A situação piora quando a primeira habilitação é de moto, pois o carro tem vários recursos que a moto não tem e que o inexperiente motorista pode dispor . Mas não compete as auto escolas fazer essa mudança e nós seguimos a legislação”,analisa João.

Em resumo, a prova para tirar a carteira de habilitação categoria A, para
conduzir motos, é feita em poucos minutos. O candidato precisa cumprir
um pequeno circuito pintado no chão, passar pelos cones e a auto escola só prepara para ser aprovado na prova do Detran.


Gabriel Germano, 18, está tirando carteira A e B ao mesmo tempo e acha que a experiência é questão de tempo, porém concorda que as aulas para a carteira A poderiam preparar melhor os candidatos. “Poderiam ensinar mais coisas. Deveríamos aprender as aulas práticas num espaço maior, para usar uma velocidade maior e simular situações que iremos encontrar no trânsito. “

Nossa reportagem visitou um dos locais usados para a realização das aulas e das provas, ao lado da Rodoferroviária, e constamos a preocupação de alunos e instrutores com a situação. A área onde são ministradas as aulas e os exames é pequena e nos dias de prova, toda quinta-feira, comporta em torno de 300 pessoas, o que é um sufoco para alunos e avaliadores, pela falta de estrutura. Muitos que se encontravam no local questionaram e afirmaram que no percurso usado para as aulas devem ser disponibilizadas todas as situações encontradas no trânsito, inclusive frenagem, queda, mas com segurança, simulações de marchas para que o aluno saia com condições de dirigir no trânsito.Os alunos só usam no circuito a primeira marcha.

Para alguns instrutores as condições de trabalhos são ruins, para se protegerem do sol e chuva improvisaram alguns barracos que dão um aspecto horrível ao local. Banheiros só estão disponibilizados os do Shopping Popular.

Carlos Divino Silva, 18 anos, considera que as aulas são boas no que se refere ao equilíbrio, mas poderiam oferecer mais, como simular fazer um balão, passar em quebra-mola, espaço maior para passar outras marchas e fazer reduções. A quantidade de aulas para fazer o percurso exigido é grande, assim poderiam estar aprendendo outras dificuldades. Quanto à prova prática é fácil. “ É uma volta só no percurso, no entanto não pode errar nada. O difícil é quando temos que andar no trânsito. Estamos por conta própria e risco”,afirma Divino.

No Distrito Federal , de acordo com o último balanço do Detran DF, de janeiro de 2012, são 265.545 condutores habilitados na categoria A, exigida para a condução de motocicletas. E o Departamento de Trânsito afirma ainda que as exigências para se habilitar à carteira A ou qualquer outra são as mesmas usadas no país e obedecem às leis estabelecidas pelo Denatran e Contran.

Segundo o Denatran há um grupo de estudo discutindo mudanças na legislação que englobam o circuito das provas e a carga horária.

Para o especialista em Trânsito, David Duarte, o exame para habilitação para motos é um só um teste simples e a parte teórica é fraca. Tem que haver mudanças. “ As informações que o aluno poderia adquirir nas aulas teóricas estão longe de formar um condutor mais consciente e preparado. Pilotar uma moto exige uma série de característica diferente de dirigir um carro. Deveria prepara o condutor para ele se posicionar no trânsito. O comportamento dessa pessoa no trânsito é importante. Falta preparar melhor o motorista adotando a pilotagem defensiva e preventiva no trânsito.













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