segunda-feira, 25 de abril de 2011

Falta tratamento para dependente químico no DF


Pelas ruas do Distrito Federal é fácil se perceber a disseminação do comércio e utilização de drogas. Mas o que observa é que a intervenção do Estado é muito tímida. Quase não se falam em  ações voltadas para os dependentes químicos, apesar de o Ministério da Saúde manter programas de combate ao uso de drogas, como o Plano de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas que, desde 2003 passou a tratar o uso de drogas como problema de saúde pública. Nesse contexto, os CAPS ( Centros de Atenção Psicossocial) fazem parte dessa política pública de saúde preconizado pelo ministério que tem como objetivo evitar a necessidade de internação do dependente.
Maria do Rosário da Conceição,  moradora de Ceilândia luta com a dependência do filho  mais da metade de sua existência.Hoje ele tem 40 anos. M.S.C  já foi internado várias vezes quando a mãe tinha dinheiro para pagar tratamento particular, mas ele acabava voltando para casa e  prometendo que estava curado, quando não fugia.“Ele ficava muito agressivo e nenhum hospital queria interná-lo. Cada vez que ele era internado era uma esperança. Às vezes passava meses sem tocar na droga, trabalhava, mas um belo dia desaparecia. Agora quero procurar um  tratamento gratuito, até porque não tenho mais dinheiro, afirma Rosário.
No Distrito Federal existem quatro CAPS-AD que são os Centros de Apoio Psicossocial Para Usuários de Álcool e Outras Drogas, que funcionam em Santa Maria, Sobradinho, Ceilândia e Guará, porém é pré-condição que o dependente queira se tratar.
Segundo o psicólogo Ademário Britto, gerente do CAPS- AD de Santa Maria, não há necessidade de encaminhamento do paciente, basta querer se tratar. “Primeiro esta pessoa passa pelo processo de acolhimento onde se procura-se conhecer um pouco de sua vida e qual sua relação com a dependência, como entrou, se trabalha, qual o seu relacionamento com a família, onde mora”,conclui Ademário. A partir daí, traça-se um Plano Terapêutico Individual junto com uma equipe interdisciplinar. “ É preciso saber quais grupos, quais terapias o paciente pode participar. Cada pessoa tem um atendimento individualizado que pode ser tratamento intensivo com atividades todos os dias; semi- intensivo com atendimento  três vezes por semana; não intensivo, com atendimento uma vez por semana”, complementa.
O importante é que o tratamento pode se estender aos familiares, afirma o gerente do CAPS-AD de Santa Maria.”Quando o paciente falta ao tratamento, um membro da equipe que o atende se desloca ao seu domicílio com a finalidade de reforçar o convite de retorno, para dar suporte e convidar a família para ser ouvida e orientada também nos seus problemas”,esclarece.
Raimundo de Oliveira, secretário escolar acha que o Estado é ainda omisso no tratamento do dependente. Teve que procurar um grupo que faz reuniões semanais em uma igreja e ele e a família freqüentam a terapia há seis anos. “Busquei ajuda na rede pública e não encontrei. Meu filho estava mal e chegou a ser acolhido numa comunidade terapêutica por nove meses. Sentimos que todos nós estávamos doentes e encontramos o caminho com a ajuda de voluntários e do grupo. O Governo deveria fazer parcerias com esses grupos”, afirma Raimundo.
Para Maria das Dores da Silva, professora, o álcool  também traz transtornos para as famílias, não só as drogas ilícitas e explica:” Todos aceitam o álcool, mas ele compromete muito. Existe um número maior de alcoolistas. Busquei ajuda  numa comunidade terapêutica para meu esposo e mais tarde para meu filho que além de beber,  passou a usar drogas e estamos vivendo um dia de cada vez”.
O psicólogo Ademário Britto alerta que qualquer paciente dependente  que estiver em crise aguda, inclusive de abstinência deve procurar qualquer hospital da rede para fazer a desintoxicação.
Mário de Souza Gomes, estudante de psicologia, lembra que  a Secretaria de Segurança Pública fez um mapeamento e é fácil qualquer autoridade  identificar os locais no Distrito Federal onde  há comércio do Crack.  A polícia tem conhecimento  também de pontos onde são comercializados outros tipos de drogas. Todos os dias está no noticiário a prisão de pequenos traficantes ou outras denominações que recebem pessoas envolvidas na venda  dessas substâncias. “ Isso  prova que há mecanismo para a prisão dessas pessoas, o que nós temos que nos preocupar é com o tratamento de quem usa, principalmente das crianças e adolescentes que estão começando a usar e a prevenção”, enfatiza o estudante.
Segundo a assessoria de imprensa da Subsecretaria de Políticas de Prevenção ao Uso das Drogas, no dia(06) foi lançado o projeto Viva Vida! Droga comigo não rola que é desenvolvido pela Secretaria de Justiça em parceria com a Secretaria de Educação. O objetivo é atender aos anseios da sociedade e determinação do Governo do Distrito Federal para que se intensifiquem as ações voltadas à proteção da criança, adolescente e juventude, na rede de ensino do Distrito Federal.
No próximo dia (27), a Secretaria de Justiça do DF em parceria com as secretarias de Educação, da Criança realizarão a segunda reunião do Plano Distrital de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas, onde essas secretaria estarão discutindo ações para a prevenção ao uso de drogas.
Segundo médicos e psicólogos, a não internação é uma tendência na psiquiatria. E, apesar do crescimento de atendimentos , o País tem um déficit  grande de leitos psiquiátricos para dependentes químicos.






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