Uma
pesquisa está sendo realizada há cinco anos em Brasília com o objetivo de analisar
o perfil de risco de pessoas que
sofreram infartos na população do Distrito Federal e Entorno. Para isso, são
acompanhados mais de 800 pacientes do Hospital de Base. O projeto intitulado
Coorte Brasília é uma parceria da Secretaria de Saúde, Exame Laboratório e
Imagem e UnB.
A
pesquisa identificou que 75% das pessoas que sofrem infarto são homens, 53% são
hipertensos, 40% tabagistas, 51% sedentários e 51% têm síndrome metabólica, uma
combinação de obesidade, pressão alta e glicose alta.
Os
critérios de inclusão para participar do estudo, segundo o médico
cardiologista, José Carlos Quinaglia, é quando o paciente se encontra nas
primeiras vinte e quatro horas do infarto. Esses pacientes têm acompanhamento trimestral pela equipe de estudo que é composta por médicos, nutricionistas, psicólogas e estudantes das áreas de saúde da Universidade de Campinas e UnB. Diariamente são incluídos novos pacientes da rede de saúde que, se convidados podem aceitar ou não o acompanhamento.
Para o paciente Angelo Ferreira, 65 anos, morador da Ceilândia , o monitoramento é é ótimo. “O grande motivador é que o atendimento é mais humanizado.Faço os exames pedidos pelo médico rápido, de graça. Estou sendo monitorado mesmo. O médico liga”, elogia o paciente.
Importância do acompanhamento
Segundo
Carlos Quinaglia, o infarto resulta da combinação da genética de cada pessoa,
mais hábitos de vida. “É muito importante termos dados locais. Por isso, o laboratório apoia este estudo desde o princípio. Realizamos os exames laboratoriais, porque acreditamos que, com esta pesquisa, teremos mais medidas de prevenção, diagnóstico, tratamento e prognóstico da doença”, ressalta Adília Segura, diretora-médica do Exame. O cardiologista e participante da Coorte Brasília, José Carlos Quinaglia, destaca que o apoio do laboratório é fundamental para realização do estudo. “Sem esta parceria não conseguiríamos dar continuidade ao projeto, pois os pacientes atendidos pela pesquisa fazem exames trimestrais e não teríamos recursos financeiros para arcar com estes custos”, enfatiza.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, cerca de 300 mil pessoas morrem por ano no Brasil, sendo 820 óbitos por dia. Deste total, 34% das mortes são causadas por doenças cardiovasculares. Ou seja, o infarto do miocárdio é a doença que mais mata no mundo.
A pesquisa identificou que a idade média dos homens brasilienses infartados é de 60 anos. Já a das mulheres é de 62 anos. “A média estabelecida pela literatura médica é de 69 anos. O sexo feminino, em Brasília, infarta sete anos mais cedo do que o comum”, comenta Quinaglia. O médico revela que este índice é causado pela falta de prevenção primária, ou seja, um tratamento precoce das causas da doença. “A mulher é subdiagnosticada, porque historicamente ela tinha menos infartos. Por causa disso, muitos médicos não valorizam as dores torácicas femininas e acabam associando o sintoma a outros problemas, o que resulta em maiores riscos de prognóstico”, esclarece o cardiologista.
Os sintomas mais comuns do infarto nos homens são dor no peito, falta de ar, suor excessivo, dores abdominais e náuseas. Já as mulheres sentem dores nas costas, no pescoço e no queixo, fadiga, cansaço, indigestão, queimação e enxaqueca.
Prevenção ainda na infância
Para evitar o infarto Quinaglia dá a receita:
não fumar, ter uma alimentação saudável, praticar atividades físicas e evitar o
estresse. “A prevenção começa na infância, pois a obstrução das artérias, começa
na infância, por isso é necessário comer adequadamente nessa fase da vida,
evitando alimentos com gordura trans”, adverte o cardiologista que ainda cita
também duas regras fundamentais que o fumante deve obedecer: não fumar em
ambientes fechados e jamais perto de crianças.
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