domingo, 19 de agosto de 2012

Uma delegacia atende duas regiões administrativas

O crescimento desordenado do Distrito Federal trouxe à capital regiões administrativas com déficit na prestação de serviços. A segurança de Itapoã e Fercal tem sido comprometida devido à falta de delegacias nas RAs. Até mesmo a Candangolândia, cidade pioneira da Capital Federal não possui delegacia e funciona com apoio de um pequeno posto policial. As comunidades questionam a ausência de delegacias para registros de boletins de ocorrência, desde casos mais graves a incidentes de trânsito ou pequenos furtos. O diretor da Polícia Civil do DF, Jorge Luiz Xavier, reconhece a falta de contingente nas delegacias e aguarda a aprovação do Governo Federal para contratar novos policiais. “Já foi encaminhado à União o pedido de aumento no quadro de 2 mil agentes, 400 delegados e 200 peritos, entre outros profissionais, mas isso não tem um prazo exato para acontecer. A gente depende que a União entenda isso como necessário”, anuncia o diretor.
A região administrativa da Candangolândia conta com 100% da população abastecida com água potável, 99,27% atendida com esgoto sanitário, 100% beneficiada com energia elétrica, mas não possui uma delegacia de polícia sequer - um grande contrassenso, tendo em vista que já possui55 anos e cerca de 20 mil habitantes. Aliás, foi na Candangolândia que foi construído o primeiro acampamento oficial de Brasília, ou seja, ela é uma das primeiras cidades do DF.
Os moradores da área que precisam dos serviços de uma delegacia, tais como, registro de boletins de ocorrência decorrentes de acidentes de trânsito ou problemas mais graves têm que se deslocar para o Núcleo Bandeirante. Na Candangolândia, há somente um pequeno posto policial da Polícia Civil, que funciona com ajuda de vigilantes da Administração Regional, além de quatro agentes. Em ocorrências graves, o delegado se desloca do Núcleo Bandeirante para o local. “A delegacia é uma clinica geral, que trabalha com todos os tipos de crime, como ameaças de morte, brigas de vizinho, casos vinculados à Lei Maria da Penha e estupro. A população procura muito as DPs para receber orientações de uma forma geral. Há representações criminais de diversas categorias, além de vistoriaem boates, liberação de autorizações para consertos ou reparos de veículos, acidentes de trânsito, entre outros serviços mais”, explica Ciro de Freitas, presidente da Sinpol-DF- Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal.
Já, nas regiões da Fercal e Itapoã, não há nem postos da Polícia Civil.“Os moradores não estão desassistidos, eles têm apoio da Polícia Civil das cidades vizinhas” afirma Ciro de Freitas, ao explicar que a delegacia do Núcleo Bandeirante atende aos moradores da Candangolância, no caso da Fercal, a delegacia de Sobradinho dá todo o apoio e o atendimento de Itapoã é realizado pela DP do Paranoá. “Lógico que a proximidade ajuda muito e uma delegacia só para essas regiões com certeza daria maior agilidade às atividades”.
Segundo Ciro, não há estimativa de prazo para abertura de delegacias na Candangolândia, Fercal e Itapoã. “Isso está relacionado diretamente ao efetivo policial. Não háprofissionais para trabalhar nestas unidades. Nem mesmo nas delegacias já existentesháservidores. Eu, inclusive, não acredito que o concurso público vá resolver esse problema. Ele sóvai repor o quadro, no caso dos óbitos, exonerações e aposentadorias de policiais” destacou Freitas. Ainda, de acordo com o representante da categoria, existe um projeto elaborado pelo GDF para aumentar o efetivo, visando grandes eventos, como Copa das Confederações e Copa do mundo. “Há a previsão de recebermos 600 mil turistas.A Polícia Civil mal consegueatender às necessidades da população atual, quem dirá na época do campeonato mundial” disse.
Hoje, há 5.100 policiaiscivis para atender uma população de 3 milhões de habitantes.Existe uma recomendação da ONU – Organização das Nações Unidas - que estabelece para cada mil habitantes, 127 policiais, incluindo, militares e civis. “Isso é muito difícil de aplicar. Hoje, são 400 delegados para todo o Distrito Federal. Tínhamos que aumentar esse quadro para todos os cargos: agentes penitenciários, peritos, delegados, agentes, papiloscopistas e médicos legistas”, ressalva Ciro.
Pelo projeto que está sob análise no Ministério do Planejamento, o efetivo atual dobrará em dois anos, em regime de escalonamento. Há percentuaispara 2013, 2014 e 2015. De acordo com o Sindipol, a perspectiva, se o projeto for enviado para o congresso, é que só em 2015 haverá efetivo para criação das delegacias.
Uma das principais reivindicações do Sindicato dos Policiais Civis é o aumento do efetivo. “Existe uma demanda, existe uma necessidade de criação, mas isso esbarra na questão do efetivo. Não adianta ter delegacia e não ter policiais para apurar as investigações, os crimes”, desabafa.

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