quinta-feira, 15 de março de 2012

Enquanto a negociação não chega

Os professores da rede pública de ensino entraram em greve por tempo indeterminado na segunda-feira( 12).  Entre as principais reivindicações da categoria, está a exigência de equiparação  salarial com outras carreiras de nível superior do governo distrital. Os professores ganham menos que outras categorias com curso superior do Distrito Federal. O item, segundo o Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF), consta de um acordo negociado em abril de 2011 cujo teor o governo não teria cumprido.
Segundo a diretora de imprensa do sindicado, Rosilene Correa a adesão à greve é de 80% da categoria. “ Como em todo início de movimento vamos intensificar as ações para convencer os colegas da importância da adesão”,  lembra.

Mas de acordo com o Governo do Distrito Federal  muitas escolas aderiram parcialmente ao movimento  paradista e outras estão funcionando normalmente..
O movimento não está agradando alguns pais. Maria da Penha de Araújo tem filho em escola de ensino fundamental, na 2ª série, e se preocupa com a sequência dos conteúdos. ” A minha preocupação é passar muito tempo sem aula  e o meu filho ficar perdido. Ele está numa série muito importante para a alfabetização. Vejo muita gente chegar a quinta série sem ser bem alfabetizado e isso se reflete em todas as séries”, lamenta Penha.

Jorge Caixeta de Abreu,  comerciante, fica preocupado porque as crianças terão alguma aulas e outras não. “ Eu e minha mulher trabalhamos o dia todo e queremos ter certeza que nossos filhos permaneçam na escola até irmos buscá-los. Apelo para que ambos os lados entrem num acordo”, pede Jorge.
Para o economista Dênis do Prado,fisioterapeuta, que tem uma filha  cursando o 2º grau, o governo e os professores medem força e quem paga são os alunos. “ Pelo menos o governo deveria rever o plano de carreira dos professores e colocar o aumento distribuído ao longo do ano , para dar tempo de sair desse impasse da lei de responsabilidade fiscal. É desconfortável para nós pais termos consciência que quem educa nossos filhos ganha mal. A educação assim se complica”, pondera Dênis.

A Secretaria de Educação afirma que o governo está impossibilitado de atender as reivindicações salariais dos professores em razão da Lei de Responsabilidade Fiscal. E nenhum aumento salarial deverá ser concedido neste ano.

O secretário de Educação, Denílson da Costa, ressalva que mais de 90% dos pedidos listados  na pauta de negociação dos professores, começaram a ser atendidos ano passado. Mas os professores rebatem que o governo não negociou os novos itens acordados e teve tempo para isso.

O movimento dos professores do Distrito Federal se fortalece, pois entre os dias 14 e 16 de março de 2012, as escolas públicas de nível básico paralisarão suas atividades em todo o país. Aqui em Brasília, os professores  farão uma grande manifestação, hoje, em frente à residência oficial de Águas Claras, às 9h30, para cobrar a retomada da negociação e para protestar contra o descaso de grande parte dos gestores públicos em não garantir educação de qualidade socialmente referenciada para todos e todas.

Para a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) embora o Brasil, nos últimos anos, venha galgando importantes resultados socioeconômicos – já tendo alcançado o posto de sexta economia do mundo, a educação continua sendo um entrave para a inclusão de todos os brasileiros e brasileiras no processo de desenvolvimento sustentável.

Ainda de acordo com a CNTE,em âmbito nacional, a greve marcará o início de uma ampla jornada de luta dos trabalhadores por educação pública, gratuita, universal, laica, de qualidade (com equidade), e por valorização profissional, devendo um de seus desdobramentos culminar na denúncia de governadores e prefeitos – desrespeitadores da Lei do Piso – à Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a outras instituições internacionais, além dos órgãos do Poder Judiciário nacionais.

Para a professora Lúcia Pereira Brito, todos os anos é a mesma coisa, governo e professores entram em rota de confronto. “Esperávamos que este ano fosse diferente e que teríamos um plano de carreira condizente , mas vamos enfrentar mais uma greve . Esperamos que não seja longa , como no governo Cristóvan”,  pondera Lúcia.

Maria Margarida dos Santos, professora aposentada já conhece o problema de perto e acredita que o governador Agnelo vai conseguir negociar com a categoria. “ Ele como homem cristão não deixará os professores na mão, espero”, finaliza.

Segundo o sindicato, as 649 escolas públicas do DF vão permanecer fechadas até, pelo menos, 20 de março, quando será realizada uma nova assembleia.


Reivindicações dos professores

Revisão do plano de carreira, com isonomia salarial e as carreiras de nível superior do GDF, previsto para janeiro de 2012
 Implantação do plano de saúde;
 Nomeação dos professores aprovados em concurso;
 Melhores salários para os professores temporários;
 Aumento dos recursos repassados às escolas para investimento em materiais pedagógicos e de infraestrutura;
 Discutir sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e criar a Lei de Responsabilidade Educacional.

O que o GDF afirma que  vem fazendo
Concedeu reajuste de 13,83% em 2011
 Contratou 400 professores efetivos.
 Está implantando a gestão democrática nas escolas.
 Aumentou o valor do auxílio-alimentação em 55%.
 Reformou 300 escolas, quase a metade de toda a rede pública.
 Oferece curso de licenciatura na UnB para mais de 800 professores que possuem o ensino médio.
 Complemento da licenciatura plena para mais de 540 professores que possuem a licenciatura curta.
 Especialização a 700 professores por meio de parceria com a UnB.
Formação continuada para 10 mil docentes na Escola de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação.


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