sexta-feira, 23 de março de 2012

Famílias gastam mais com saúde do que o setor público

As famílias brasileiras gastam mais com saúde do que o setor público, segundo especialistas da área. Em 2009, estima-se que tenham sido gastos R$ 270 bilhões, dos quais 53% saíram do bolso dos próprios usuários, enquanto 47% foram pagos pelo Estado. O valor representa 4% do PIB (produto interno bruto), ao passo que em países com acesso universal à saúde os recursos públicos representam quase 7% do PIB. Por essas e outras distorções, a "Fraternidade e Saúde Pública" é o tema da Campanha da Fraternidade de 2012. O assunto foi alvo da sessão solene na manhã de hoje (23), no plenário da Câmara Legislativa.
"Não podemos nos acomodar enquanto existirem pessoas morrendo nas filas dos hospitais", advertiu o deputado Washington Mesquita (PSD), um dos autores do requerimento da sessão solene. Ele defendeu ainda um atendimento público mais "fraterno e humano".
A deputada Arlete Sampaio (PT), também autora da iniciativa da sessão, é médica sanitarista e elogiou a reflexão proposta pela Campanha da Fraternidade deste ano. "Houve um tempo em que a Igreja Católica se preocupava apenas com o espírito, mas a dimensão do corpo é importante também: é preciso olhar o indivíduo integralmente", defendeu.
Arlete destacou ainda a luta pela construção de um sistema público de saúde no Brasil, lembrando que o Distrito Federal foi pioneiro nessa conquista. "O paradigma apresentado na Constituição Federal é de que saúde é um direito de todos e um dever do Estado", ressaltou
"A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tem se preocupado em trazer temas que incidem na vida da comunidade, e saúde faz parte da própria dignidade das pessoas", justificou o bispo auxiliar da Arquidiocese de Brasília, Dom Leonardo Steiner.
Apesar de ser um direito de todos, reclamações sobre o sistema público de atendimento médico não faltam. Segundo a Pesquisa sobre a Saúde Brasileira de 2010, do Ipea, 58,1% dos entrevistados reclamam da falta de médicos; 35,4% da demora nos atendimentos e 33,8% das dificuldades para agendar consultas.
"Saúde virou um objeto de lucro e cabe a nós, cristãos, fiscalizar, reclamar, cobrar e reivindicar, unindo esforços ao trabalho do governo", declarou o deputado Chico Leite (PT), que há 10 anos participa de sessões em homenagem à Campanha da Fraternidade na Câmara Legislativa.
Saúde no DF - Dados da Secretaria de Saúde do DF revelam que a rede pública realizou mais de 7 milhões de atendimentos em 2011. Segundo o secretário de Saúde em exercício, Elias Fernando Miziara, há motivos para se comemorar. Um dos avanços diz respeito à lista de espera para tratamento de câncer. "O tempo de espera entre o diagnóstico e o início do tratamento não pode passar de um mês", destacou.
Outra conquista diz respeito à oferta de leitos de UTI. De acordo com o secretário, antes 50% deles eram na iniciativa privada. Hoje a saúde pública usa apenas 20 leitos de hospitais particulares. E acrescentou: "A diária nesses hospitais era superior a R$ 3 mil, esse custo hoje está em R$ 1,2 mil", afirmou.

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