quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Professores superam a falta de estrutura no Ensino Especial


Todos os dias para Maria do Carmo dos Santos, professora  que trabalha com inclusão de aluno  especial numa escola regular do Gama é uma conquista. A lista de dificuldades é imensa. E os problemas não se restringem somente aos que atendem alunos com deficiências nas turmas regulares. Nos Centros de Ensino Especial são percebidos e vivenciados  por professores, pais, mãe problemas, como falta de material, de formação continuada, falta de acessibilidade.
“ Nós sentimos a falta de  psicólogos no ensino inclusivo”, afirma Maria das Graças de Oliveira, mãe de aluno com deficiência. Maria relata ainda que se não é por determinação e coragem dos professores, a situação do Ensino Especial estaria  muito pior. “ Vejo o amor, a dedicação nas atitudes da professora de minha filha”, testemunha Maria das Graças.

Um outro entrave no Ensino Especial é que geralmente a criança normalmente é matriculada em uma turma comum. Para muitos pais, é difícil aceitar que o filho tenha alguma deficiência. Quando o professor percebe, ele chama a família e conversa e pede  que procurem um hospital e auxílio de um psicólogo. A consulta, porém, demora um ano ou dois para ser realizada. Até lá, a criança já perdeu o ano, sem o acompanhamento correto.
Para Laura Ribeiro, pedagoga e especialista em coaching , a inclusão no ensino é importante, pois na sociedade não há separação de quem tem ou não tem deficiência.  “Além da sociedade aprender a conviver com a criança, o jovem, o adulto especiais, eles aprendem a conviver em sociedade também. É tanto que as empresas e instituições reservam 20% de suas vagas de emprego para a pessoa com deficiência”, lembra Laura.
Quanto à insegurança do professor em realizar a conduta pedagógica correta com o aluno, Laura Ribeiro aconselha que o professor nunca pode esperar a escola mudar, ele deve buscar o conhecimento e trazer através desse conhecimento alternativas para facilitar seu trabalho. E dá outra dica: conversar com pais e alunos facilita a cooperação entre alunos e professores no processo de aprendizagem.
“Mas muitos professores superam essa falta de estrutura das escolas e  oferecem aulas muito boas”, ressalta Gabriela Nunes, mãe de aluna com autismo de uma escola regular em Taguatinga que não quer citar o nome da instituição. Destaca que a escola que a filha frequenta é muito aconchegante e sua filha se desenvolveu bastante. “ Os professores são muito comprometidos”, acrescenta.
Segundo Neliane Cunha, diretora do Sinpro- DF à piori todos os professores estão preparados a receber a inclusão de alunos com deficiência. Mas para a diretora que trabalhou com o Ensino Especial por quase oito anos, a inclusão como estamos vendo hoje, infelizmente é uma inclusão de números. “O que os profissionais querem é a formação continuada para darem conta da demanda de alunos com necessidades especiais. Essa formação , hoje, é muito superficial.Concordo que além disso, falta estrutura para o professor trabalhar e o aluno ser bem atendido.  Não existe redução de alunos em sala de aula que os alunos desejam, que os professores querem. Não existe uma rampa, tradutor de libras para quem precisa, sistema de braile, currículo adaptado”, enfatiza.
Nelita cita outros problemas com falta de  infraestrutura: se o professor trabalha com um aluno com baixa deficiência visual, ele necessita de uma máquina de reprografia para reproduzir trabalhos maiores; as escolas mal têm máquinas para reproduzir em papel de tamanho ofício; para quem tem cegueira total existem impressoras em braile que reproduzem todo o trabalho necessário para esse aluno, porém é difícil essa máquina está à disposição do professor quando ele precisa.
Neliane  esclarece ainda que  não há preconceito do professor com o aluno com necessidades especiais nas salas regulares, a resistência de um professor em atender esse aluno se dá mais na sensação de não conseguir realizar o trabalho pedagógico necessário, porque falta uma formação continuada. Defende, ainda, que na inclusão não se pode colocar a responsabilidade só no professor. “A inclusão é um projeto da sociedade. O governo tem que se responsabilizar, a família, a escola. Quando todos se responsabilizarem, o aluno com necessidade especial vai ter o desenvolvimento que tem direito e que todos queremos”, defende Neliane.
Os professores que recebem  alunos para inclusão, não recebem a gratificação de 15% que os professores que atuam nos centros de ensino especial têm direito.
São 14 mil alunos com alguma deficiência em toda rede pública do Distrito Federal, relata o diretor de Ensino Especial da Secretaria de Educação, Antonio Leitão. “Os alunos são atendidos na escola em turmas reduzidas, com currículo adaptado, com o apoio da Sala de Recursos e com a preparação de professores. Existe a EAPE -  Escola de Aperfeiçoamento de Profissionais da Educação, que vem ao longo dos anos dando cursos de formação continuada para os professores, é claro que nem todos tiveram acesso aos cursos, entretanto, mediante a ampliação do atendimento da EAPE ,logo corrigiremos este problema”, informa Leitão.
No início deste mês o Governo do Distrito Federal sinalizou com a intenção de fechar a Sala de Recursos da Escola Parque da 303/304 Norte, que atende 150 alunos especais, mas os pais se manifestaram e colheram assinatura contra o fechamento. E em resposta  ao movimento, o secretário de Educação , Denilson Bento, garantiu que as salas de recursos das escolas parque não serão fechadas. E que a Secretaria fará  ainda este ano um seminário para discutir as questões relacionadas ao ensino especial.

Matrículas na rede pública
Até sexta-feira (28) estão abertas as inscrições para alunos com necessidades especiais pelo 156.
A partir de sábado (29) até o dia 25 de novembro é a vez dos alunos do ensino infantil e ensino médio.
De 26 de novembro a 2 de dezembro, devem fazer matrícula os interessados em vagas para educação de jovens e adultos e centros de línguas.
A partir do dia 22 de dezembro, os pais deverão ligar no 156 ou ir na regional de ensino para confirmar a matrícula.

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