quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O perigo de cada dia da cidade

Em Brasília, as ameaças ao meio ambiente têm sido constantes, numa prática abusiva de corte de árvores, destruição de áreas verdes, retirada de garantias de áreas especiais e excesso de demagogia e despreparo no trato da coisa pública.  Pedem por socorro as áreas verdes que ainda restam em nossa cidade, dentre elas as mais ameaçadas estão nas asas Sul e Norte, na área Central da cidade e as demais que abrigam um cinturão verde protegido por leis ambientais. 
 Os cidadãos brasilienses estão frustrados com a atual administração diante da imprudência de se trocar o verde da natureza pelo cinza do concreto armado, à margem de um planejamento feito com seriedade, bom-senso e responsabilidade, priorizando o adensamento e a verticalização das cidades do DF em detrimento do desenvolvimento sustentável. 
Esperava-se, por parte do GDF e dos deputados distritais, um mínimo de coerência no desenvolvimento urbano do DF, que deveria priorizar a criação de um transporte público eficiente, escolas, hospitais, segurança, lazer e meio ambiente equilibrado. No entanto, nada disso tem sido a tônica do discurso de gabinete, o que aumenta a descrença das comunidades esperançosas por atitudes sociais eficientes. 
O desenvolvimento pretendido pelos administradores e técnicos não parte da premissa urgente de preservação ambiental combinada com qualidade de vida, não enfatiza a harmonia exigível entre adensamento e mobilidade urbana e não responsabiliza o potencial empreendedor se percuciente o impacto ambiental. O que se percebe é uma constante submissão do poder público às pressões do mercado imobiliário sempre voraz e ávido por oportunidades de novos empreendimentos. 
Os planos diretores, segundo leciona a cartilha da Secretaria de Desenvolvimento Urbano, não têm o poder de resolver todos os problemas regionais. Ora, evidentemente, ainda mais quando idealizam para a cidade um amontoado de bairros verticalizados, densos, congestionados e sufocados pelas poluições sonora, visual e atmosférica. Se há uma preocupação somente de se adensar as cidades para pretensamente otimizar a utilização da infra-estrutura que estaria ociosa (será?) e não há a contrapartida em termos de diagnósticos ambientais sérios, as cidades estão fadadas ao colapso a médio e longo prazo. 
 Melhor seria um plano diretor e uma política urbana com visões humanísticas, priorizado os delicados limites ambientais do território do DF e melhores condições de vida para toda a população. Porém, o que se vislumbra, lamentavelmente, diante das irresponsabilidades cometidas, é uma capital que vem perdendo sua beleza natural e a qualidade de vida que a diferenciava das grandes capitais brasileiras, sem perspectiva ambiental e voltada apenas para a especulação imobiliária.  
A negligência dos gestores, que fazem vistas grossas às investidas do setor imobiliário, ou pelo menos não se impõem de forma mais responsável, sob a alegação simplória de que se trata de negócios entre particulares, permite a invasão das motosserras, dos tratores e do concreto armado, transformando áreas verdes em asfalto, calçadas, prédios residenciais e comerciais, num total desrespeito à preservação do meio ambiente. O saldo dessas práticas abusivas é negativo, posto que o ser humano paga um preço muito alto por esses atos impensados e irresponsáveis. 
O desenvolvimento é bom e necessário, mas que o seja para todos de forma sustentável, humanizada e ética. A matança indiscriminada do habitat verde é desumana e desnecessária.
Artur Benevides – Conselho Comunitário da Asa Sul

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