Dia 22 de abril, domingo,
moradores de Águas Claras ficaram sem luz desde às 16h. O problema durou 10
horas. Muitos tiveram que subir ou descer de escadas até 20 andares. E o mesmo problema
voltou a perturbar os moradores
novamente na segunda-feira (23).
Em todo Distrito Federal são
constantes as reclamações de falta de energia elétrica, pode –se dizer que o
problema é habitual nos últimos anos. Em consequência, o comércio contabiliza
muitos prejuízos por causa da falta de energia que supera em muito o limite
aceitável pela Aneel que é de 12h e 54 minutos.
Em 2011, no Distrito Federal, os moradores ficaram sem energia elétrica
, em média, 15h e 40 minutos.
“São constantes estes problemas
e a CEB demora a consertar, apesar de ligarmos várias vezes”, afirma Joaquim
dos Santos, morador da Quadra 106 de Águas Claras. Já Domingos dos Reis,
empresário, reclama que são incontáveis e impagáveis os prejuízos decorrentes
da falta de luz. “ Tenho uma padaria e já perdi muito dinheiro com a falta de energia, pois não podemos nos
programar para enfrentar a situação. Não tenho culpa se a CEB foi mal
administrada. Alguma coisa tem que ser feita logo”, pede Domingos.
Em algumas áreas, como Ceilândia ,Samambaia, Recanto,
Riacho, Taguatinga, Gama , Santa Maria, Planaltina e Sobradinho, o problema é
agravado pela sujeira na rede. Os moradores jogam todo tipo de lixo nos cabos, inclusive pipas que, associados com a chuva acabam causando interrupção de energia
elétrica, embora a CEB garanta que faz
campanha de limpeza de rede frequentemente.
Outro problema apontado,são as
árvores que alcançam a rede em vários setores da cidade, como o que aconteceu
no Setor de Indústrias Gráficas, na chuva, de terça-feira (17). O reator foi enroscado pelos galhos de uma árvore
devido aos ventos e explodiu. Assim foram várias horas sem luz.
A CEB explica que em muitas
áreas, os funcionários da empresa não têm acesso rápido, pois muitos domicílios estão fechados,
principalmente em condomínios e zonas rurais.
O diretor de Engenharia da CEB
, Mauro Martinelli, reconhece os problemas que
ocasionam o mau desempenho da empresa, mas fala que ela está sendo
recuperada e agora está investindo para resolver todos os problemas apontados
pela população. Segundo ele, Brasília tem o maior consumo per capita de energia
do país, como tem a maior renda per capita. Outro dado a ser levado em
consideração é que enquanto o aumento da energia elétrica no país está em volta
de 4% ao ano , no Distrito Federal, esse aumento chega a 7% ao ano. “ Isso quer
dizer, que a CEB deve investir na melhoria e expansaão do sistema mais do que a média nacional,
porém isso não foi feito ao longo dos anos. Observa-se que houve expansão de
cidades, mudanças de gabaritos, aumentou o consumo de energia e não houve investimento para acompanhar as
mudanças“, explica Martinelli.
A CEB já foi considerada a
melhor distribuidora de energia do Brasil, de acordo com Mauro. “ Chegamos a
receber em 1995 o prêmio de melhor distribuidora do país. Dessa época para cá,
a empresa desacelerou os investimentos. O nosso
sistema está trabalhando no limite, em algumas localidades está
trabalhando acima da sua capacidade.” Ele afirma que a empresa está fazendo os
investimentos que não foram feitos nos últimos anos e a curto prazo. “Até junho
e julho nós estamos inaugurando duas subestações novas, três linhas de
distribuições, subtransmissão Samambaia e Riacho Fundo, Santa Maria e
Mangueiral, Riacho Fundo e Sudoeste, ampliação da rede no Gama. Estamos fazendo
o maior investimento dos últimos anos.”
Para entender melhor
A dívida da CEB
se acentuou em 2001 quando houve o racionamento de energia elétrica no
país. “A população fez uma redução forçada de consumo de 20%. A CEB e as outras
distribuidoras continuaram a comprar a mesma quantidade e só podiam vender 80%.
Aí a empresa não conseguia pagar a energia comprada e teve que ir ao
mercado financeira para pagar a dívida.
“
Outro responsável pelo
endividamento, foi Corumbá IV. “ As administrações anteriores tiraram recursos
da tarifa de energia elétrica, da distribuição, da expansão, da melhoria e
investiram em atividades atípicas, em atividades que eram de distribuição, ou
seja na geração. Foi-se novamente ao
mercado financeiro para fazer investimentos na distribuição. E a dívida
aumentou.”
Mauro Martinelli explica que
faltaram investimentos em estações transformadoras, em linhas de distribuição e
em redes. Alerta que não adianta ter
subestações se não existirem estações transformadoras para levar energia para
os consumidores. “Estamos
fazendo ao mesmo tempo expansão e melhorias no sistema. Nós temos cabos da
época da inauguração da cidade e esses cabos não foram substituídos. Agora estamos fazendo esses
investimentos.”
“A CEB Distribuidora estava
inscrita no Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público
Federal (Cadin) e não podia ter acesso a recursos da Eletrobrás, a fazer
financiamentos. A CEB foi a empresa mais multada pela Aneel. O volume das
multas chegou a R$ 57 milhões. Pagamos R$ 30 milhões, por isso saímos do
Cadin”, informa o diretor de Engenharia. Informa ainda, que de cada R$ 100 que
o consumidor paga na sua conta de energia elétrica somente R$ 19 fica com a CEB
para serem aplicados em investimentos, pessoal, manutenção.
Reembolso
De acordo com a
Agência de Energia Elétrica (Aneel), o
consumidor tem direito a uma restituição, concedido como um desconto automático
na conta de luz, caso a sua casa fique sem energia muitas vezes ou por muito
tempo no mês ( DIC e FIC). Esse desconto e o limite podem ser conferidos na
conta de luz, acima do valor total a pagar.
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