sexta-feira, 27 de abril de 2012

Apagões tiram o sossego

Dia 22 de abril, domingo, moradores de Águas Claras ficaram sem luz desde às 16h. O problema durou 10 horas. Muitos tiveram que subir ou descer  de escadas até 20 andares. E o mesmo problema voltou a perturbar os moradores  novamente na segunda-feira (23).  Em todo  Distrito Federal são constantes as reclamações de falta de energia elétrica, pode –se dizer que o problema é habitual nos últimos anos. Em consequência, o comércio contabiliza muitos prejuízos por causa da falta de energia que supera em muito o limite aceitável pela Aneel que é de 12h e 54 minutos.  Em 2011, no Distrito Federal, os moradores ficaram sem energia elétrica , em média, 15h e 40 minutos.
“São constantes estes problemas e a CEB demora a consertar, apesar de ligarmos várias vezes”, afirma Joaquim dos Santos, morador da Quadra 106 de Águas Claras. Já Domingos dos Reis, empresário, reclama que são incontáveis e impagáveis os prejuízos decorrentes da falta de luz. “ Tenho uma padaria e já perdi muito dinheiro  com a falta de energia, pois não podemos nos programar para enfrentar a situação. Não tenho culpa se a CEB foi mal administrada. Alguma coisa tem que ser feita logo”, pede Domingos.
Em  algumas  áreas, como Ceilândia ,Samambaia, Recanto, Riacho, Taguatinga, Gama , Santa Maria, Planaltina e Sobradinho, o problema é agravado pela sujeira na rede. Os moradores jogam  todo tipo de lixo nos cabos, inclusive pipas  que, associados com a chuva  acabam causando interrupção de energia elétrica, embora a  CEB garanta que faz campanha de limpeza de rede frequentemente.
Outro problema apontado,são as árvores que alcançam a rede em vários setores da cidade, como o que aconteceu no Setor de Indústrias Gráficas, na chuva, de terça-feira (17). O reator  foi enroscado pelos galhos de uma árvore devido aos ventos e explodiu. Assim foram várias horas sem luz.
A CEB explica que em muitas áreas, os funcionários da empresa não têm acesso rápido, pois  muitos domicílios estão fechados, principalmente em condomínios e zonas rurais.
O diretor de Engenharia da CEB , Mauro Martinelli, reconhece os problemas que  ocasionam o mau desempenho da empresa, mas fala que ela está sendo recuperada e agora está investindo para resolver todos os problemas apontados pela população. Segundo ele, Brasília tem o maior consumo per capita de energia do país, como tem a maior renda per capita. Outro dado a ser levado em consideração é que enquanto o aumento da energia elétrica no país está em volta de 4% ao ano , no Distrito Federal, esse aumento chega a 7% ao ano. “ Isso quer dizer, que a CEB deve investir na melhoria e expansaão  do sistema mais do que a média nacional, porém isso não foi feito ao longo dos anos. Observa-se que houve expansão de cidades, mudanças de gabaritos, aumentou o consumo de energia  e não houve investimento para acompanhar as mudanças“, explica  Martinelli.
A CEB já foi considerada a melhor distribuidora de energia do Brasil, de acordo com Mauro. “ Chegamos a receber em 1995 o prêmio de melhor distribuidora do país. Dessa época para cá, a empresa desacelerou os investimentos. O nosso  sistema está trabalhando no limite, em algumas localidades está trabalhando acima da sua capacidade.” Ele afirma que a empresa está fazendo os investimentos que não foram feitos nos últimos anos e a curto prazo. “Até junho e julho nós estamos inaugurando duas subestações novas, três linhas de distribuições, subtransmissão Samambaia e Riacho Fundo, Santa Maria e Mangueiral, Riacho Fundo e Sudoeste, ampliação da rede no Gama. Estamos fazendo o maior investimento dos últimos anos.”
Para entender melhor
A dívida  da CEB  se acentuou em 2001 quando houve o racionamento de energia elétrica no país. “A população fez uma redução forçada de consumo de 20%. A CEB e as outras distribuidoras continuaram a comprar a mesma quantidade e só podiam vender 80%. Aí a empresa não conseguia pagar a energia comprada e teve que ir ao mercado  financeira para pagar a dívida. “
Outro responsável pelo endividamento, foi Corumbá IV. “ As administrações anteriores tiraram recursos da tarifa de energia elétrica, da distribuição, da expansão, da melhoria e investiram em atividades atípicas, em atividades que eram de distribuição, ou seja  na geração. Foi-se novamente ao mercado financeiro para fazer investimentos na distribuição. E a dívida aumentou.”
Mauro Martinelli explica que faltaram investimentos em estações transformadoras, em linhas de distribuição e em redes.  Alerta que não adianta ter subestações se não existirem estações transformadoras para levar energia para os consumidores.              “Estamos fazendo ao mesmo tempo expansão e melhorias no sistema. Nós temos cabos da época da inauguração da cidade e esses cabos não foram  substituídos. Agora estamos fazendo esses investimentos.”
“A CEB Distribuidora estava inscrita no Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal (Cadin) e não podia ter acesso a recursos da Eletrobrás, a fazer financiamentos. A CEB foi a empresa mais multada pela Aneel. O volume das multas chegou a R$ 57 milhões. Pagamos R$ 30 milhões, por isso saímos do Cadin”, informa o diretor de Engenharia. Informa ainda, que de cada R$ 100 que o consumidor paga na sua conta de energia elétrica somente R$ 19 fica com a CEB para serem aplicados em investimentos, pessoal, manutenção.
Reembolso
De acordo com a Agência de Energia Elétrica  (Aneel), o consumidor tem direito a uma restituição, concedido como um desconto automático na conta de luz, caso a sua casa fique sem energia muitas vezes ou por muito tempo no mês ( DIC e FIC). Esse desconto e o limite podem ser conferidos na conta de luz, acima do valor total a pagar.
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