quarta-feira, 11 de abril de 2012

Onde está a polícia?

A  pergunta mais usada pela população do Distrito Federal, ultimamente, é onde estão os policiais que eram encontrados mais facilmente antes do início da Operação Tartaruga, deflagrada em assembléia , no dia 15 de fevereiro.
As reclamações são muitas, passam pela cobrança do cumprimento das promessas de campanhas feitas pelo governador eleito que são: reestruturar o Plano de Carreira, sem a dependência de vagas, interstício e aumento de efetivo para recompor a defasagem existente; instituir o Programa Policial do Futuro ( graduação e pós-graduação), terceirização das guardas dos quartéis; Plano de Obras com metas a curto e longo prazos para a construção e reforma dos quartéis, bem como a implementação do Centro Médico da PMDF; instituir um novo Código de Conduta Ética na PM; continuação do Programa Habitacional para policiais; instituir o Auxílio Transporte no contracheque; instituir um programa de negociação da dívida do policial, com juros mais acessíveis; nova lei de vencimentos para a PMDF, que estabeleça igualdade dos valores dos auxílios fardamento, natalidade, invalidez e funeral entre oficiais e praças; adicional de tempo de serviço anual; antecipação das parcelas do Risco de Vida; reajuste salarial com o mesmo índice de correção PCDF; aumento das cotas e valores da Gratificação de Serviço Voluntário (GSV).
“São muitos os pontos prometidos, são mais de quatro anos sem reajuste salarial, com salários congelados. Policiais militares com 13 anos de serviço, não têm nenhuma  promoção. Nenhuma outra categoria do serviço público ficou tanto tempo sem  receber ascensão vertical. É claro que a desmotivação é geral e não vamos abrir mão da reestruturação do nosso Plano de Carreira e isonomia com outras categoria da segurança. Tudo pode ser implantado ano que vem, mas não abrimos mão”, pondera o vice- presidente da Associação dos Praças Policiais Militares do DF, sargento Sansão.
Segundo as deliberações da assembleia, a Operação Padrão envolve o atendimento das ocorrências na velocidade da via e sem avançar sinal de trânsito. Policiais não acreditam que o principal fator pelo aumento dos índices de criminalidade nos últimos dias seja a operação em si, é a desmotivação que causa a apatia do policial.                                                                                                                                                                                                                                                        
Algumas pessoas acreditam que há uma longa distância entre explicar e fazer. Maria Lúcia de Almeida, moradora de Samambaia, assinala que antes disso as viaturas circulavam normalmente, hoje é difícil ver uma. “Conheço várias pessoas que ligaram para o 190 informando alguma ocorrência e a polícia não compareceu para checar o acontecido. A reclamação é geral”, aponta Lúcia.

Para Michel Oliveira Trindade, morador do Guará, o problema já foi longe demais.  “Precisamos confiar em quem ganha para nos fornecer segurança, e o que constatamos é uma coisa absurda. Todo trabalhador tem o direito de reivindicar,não é crime, mas não desta maneira. A vida humana não tem preço”, lembra Michel.
Quando o Serviço Voluntário Gratificado (SVG) foi criado na Policia Militar do Distrito Federal, foi a resposta a uma reivindicação antiga da tropa. Mas o que era para ser esporádico foi incorporado ao orçamento, e os valores ficaram ultrapassados. Muitos policiais estão cansados. “A solução seria ganhar um salário justo para não precisar tirar o serviço voluntário”, adverte o policial Carlos Santos de Aparecida.

Outro ponto apontado pela categoria é discrepância do valor do Riso de Vida entre PM( R$ 500), Polícia Civil  e Detran ( R$ 2mil). Também pedem aumento do auxílio moradia, que hoje está em torno de R$ 30.

Procurando enfrentar os problemas de insubordinação, o governador trocou o comandante da PM, segunda-feira(09), uma medida já esperada por alguns. “ Não dou mais vinte e quatro horas para o comandante cair”, confidenciou associado da Aspra, na quinta-feira( 05).


 E o discurso do novo comandante da corporação, coronel Suamy Santana da Silva  foi bastante contundente. Já  expôs as intenções de promover mudanças em parte das 33 chefias de batalhões de área e aumentar a gratificação dos comandantes de unidades regionais que passará dos atuais R$ 2,4 mil para R$ 3 mil. O coronel prometeu rigor na investigação e punição dos policiais que insistirem em atrapalhar o trabalho da corporação e não atender à população em seu direito.

Outra medida adotada, de acordo com o comandante,é que  até sexta-feira irá acabar com a Operação Tartaruga, para isso se reunirá com a tropa. " Essa farda faz parte de nossa pele e aqueles que não se sentem assim não são policiais militares. Essa corporação tem quase 15 mil homens e não será meia dúzia que sujará o nome dela ", afirmou.

Disse ainda que no próximo dia 19  lançará o Plano Ação pela Vida, que terá o objetivo de combater os homicídios. Nessa ação, o Distrito Federal será dividido em quatro regiões. "Esse plano não é emergencial, é permanente. Vamos contar com a ajuda da população por meio das administrações regionais para garantir seu sucesso".

O secretário de Segurança, Sandro Avelar afirmou para nossa reportagem que não vai admitir nenhum retardamento ou não atendimento a ocorrências. Mandou investigar quem está participando e prejudicando o trabalho da Polícia Militar e fala sobre o Plano Ação Pela Vida. “ Será um trabalho integrado entre a segurança pública. Vamos criar metas e cobrar os resultados”, explica.

Genário de Sousa, motorista e morador de São Sebastião, afirma que espera que a situação melhore. “ Agora é só acreditar no bom senso dos policiais. Usar a desgraça dos outros para se conseguir aumentar salário é inadmissível. Foram boas as medidas adotadas”, comemora. Elisa Maria de Souza, enfermeira, moradora do Gama, também acredita que com as novas medidas os policiais irão se acalmar. O governo não fechou as negociações”, lembra.

Uma nova assembléia dos policiais militares está marcada para quinta-feira( 12), às 9h, em frente ao Buriti.

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