segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Agnelo segura crise dando espaço a Dirceu
BRASÍLIA - Em mais um movimento para retomar o controle do governo do DF, abalado pela maior crise desde que tomou posse, o governador Agnelo Queiroz ampliou o espaço do PT ligado ao ex-ministro José Dirceu na equipe e designou o sindicalista Jacques Pena para a presidência do Banco de Brasília (BRB). Petista de carteirinha, ele vai tomar conta da chave do cofre do governo, cujo Orçamento de cerca de R$ 25 bilhões anuais é centralizado no banco.
Principal provedor de serviços bancários da administração direta e das empresas públicas do DF, o Banco de Brasília centraliza ainda o recebimento de todos os impostos, multas e taxas locais, como IPTU e IPVA. Mais da metade do Orçamento do governo circula pelas contas dos 250 mil servidores ativos e inativos do Executivo.
Pena é ligado ao Construindo um Novo Brasil, corrente mais forte do partido, que tem como maior expoente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e entre seus caciques José Dirceu, que comanda, em nível nacional, uma operação de socorro ao governador. Agnelo é alvo de denúncias de recebimento de propina quando foi ministro do Esporte (2003-2006) e diretor da Anvisa (2007-2010). Em Brasília, a corrente é comandada pelo próprio governador e pelo deputado distrital Chico Vigilante.
Desgaste. Espécie de coringa do governo, Pena substituirá um técnico, Edmilson Gama, que sai desgastado por resistir às tentativas de aparelhamento político do banco. A última delas foi protagonizada, em agosto, pelo policial militar João Dias, delator do esquema de propina que derrubou o ministro do Esporte, Orlando Silva.
Dias teve rejeitadas as contas de convênios, no valor de R$ 3,4 milhões, assinados com duas ONGs que ele dirige - uma federação e uma associação de kung fu. Para saldar a dívida, cobrada pelo ministério, o policial indicou um afilhado, Manoel Tavares, como diretor da corretora de seguros do Banco de Brasília. A corretora fatura mais de R$ 400 milhões ao ano e 5% desse montante, cerca de R$ 20 milhões, são distribuídos entre dirigentes da instituição mediante critérios pouco transparentes.
Dias esperava, com isso, drenar uma fatia da comissão que corre solta pelos diretores e assim liquidar a dívida com o ministério. Gama vetou o esquema e demitiu Tavares, que ficou apenas uma semana no cargo. O policial foi à forra e tornou público o escândalo dos convênios do programa Segundo Tempo.
Estado de São Paulo

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